Por José Mendes Pereira
Os
meus dois avôs eram (Manoel), sendo que o pai do meu pai era Manoel Francisco
Pereira, ou simplesmente Néo. E todos os netos o chamavam de Papai Néo.
Manoel Mendes da Câmara - pai da minha mãe
O pai
da minha mãe era Manoel Mendes da Câmara, ou "Mané Mendes", mas a
maioria dos netos o chamava de Papai daqui, Pai daqui. Já os outros netos que não
foram criados ao seu redor, o chamavam de Papai do banco, por ele viver sempre sentado
em um banco.
As minhas duas avós eram "Maria da
Conceição". A
mãe do meu pai era Herculana Maria da Conceição, dona de vários nomes
carinhosos como: Tia Culana, Madrinha Culana, Mãe Nanana, Mamãe Nana, Mananana
e outros mais, e não era parente do seu esposo.
A
mãe da minha mãe era Apolinária Maria da Conceição, de cor negra, mas com cabelos
bons e lisos..., alguns netos a chamavam de Mãe daqui, mais os outros que não foram criados ao seu redor, chamavam-na de Mãe do chão, por ela gostar muito de sentar-se sobre o chão. Apesar de não ter nenhum parentesco com o esposo, exceto
esposa, também era muito estressada.
Os
meus dois avôs eram primos legítimos, e ambos tinham as mesmas manias. Eram super exigentes,
ignorantes, mas eram bastante honestos.
O meu avô paterno mantinha respeito ao seu visitante. Como em todas as reuniões familiares acontecem risos, causados por acontecimentos engraçados, de "A" ou de "B", no momento em que alguém vinha caminhando em direção a sua casa, isto é, um visitante ou até mesmo pessoas que iriam passando para um lugar qualquer, e sob o alpendre de sua casa acontecia uma conversa que necessariamente riam, todos teriam que mudar o assunto, justamente para que o visitante não chegasse em sua casa pensando que os risos eram dirigidos a si.
Certa feita, duas de suas filhas Nízia e Francisca encontravam-se dentro de um dos quartos conversando. E elas não sabiam que lá sob o alpendre, o pai conversava com um dos seus amigos. No meio da conversa elas caíram em debochados risos.
Ao ouvi aqueles risos incontrolados, já que não iria até ao quarto para repreendê-las sobre isto, resolveu chamar a minha avô que se encontrava lá pela cozinha. E assim que a minha avó chegou, ele ordenou que enchesse uma bacia com milhos, pois estava precisando naquele momento.
Herculana Maria da Conceição - minha avó
Minha avó foi até ao armazém, colocou milho na bacia e veio para entregar ao marido. Mas ela não tinha a mínima ideia para que seria aquele milho, já que não tinha nenhum animal amarrado sob o alpendre.
Sentindo-se passado de vergonha diante do visitante, pelos risos que as filhas provocavam lá dentro de casa, e sem muito se demorar, chamou-as até ao alpendre. Em seguida ordenou que elas comessem todo o milho que estava na bacia, pois ele esperava que tinha duas moças dentro de casa, mas descobrira que estava criando duas jumentas. E como elas não comiam milho, caíram em choro, pedindo-lhe que não as castigassem dessa maneira, vez que elas não sabiam que ele estava com uma visita sob o alpendre.
Outra vez, querendo saber qual dos filhos tinha mais coragem, reuniu-os em fila, e exigiu que um deles cortasse o seu dedo indicador. Trouxe um tronco de aroeira, cujo iria fazer um pilão, colocou-o sob o alpendre, entregou o machado ao filho mais velho, Manoel de Néo, como era chamado, que era o mais velho e oprimeiro da fila, colocou o dedo em cima do tronco, e ordenou-o que decepasse o seu dedo.
Manoel de Néo
Mas a ordem era a seguinte: Se cortasse o seu dedo, apanhava, e muito, e se não obedecesse a cotada, apanhava, e muito mais.
Manoel caiu em choro, dizendo-lhe que não tinha coragem de cortar o dedo do seu próprio pai.
- Mas você já sabe que vai apanhar, não é?
- Sei, sim senhor. Mas eu prefiro apanhar sem cortar o seu dedo. Dizia Manoel em choro.
Papai Néo ordenou que Manoel ficasse ao lado, Quando terminasse esta tarefa, iria surrá-lo.
E veio Antonio Néo, depois o terceiro, o quarto... Nenhum teve coragem para decepar o dedo do pai.
Antonio Néo Pereira
Agora era vez do José Néo, filho que não temia nada. De nada ele tinha medo. Ninguém duvidasse dele. Não era maldoso, mas não aceitava provocações de jeito nenhum de ninguém.
Papai Néo entregou-lhe o machado, preparou o dedo sobre o tronco, e ordenou que o decepasse.
José Néo mirou bem, sorriu um pouco dizendo:
- Este já era - arriando o machado com toda sua força sobre o dedo do pai.
Se papai Néo não tira o dedo de cima do tronco, teria ficado sem ele. Exceto o José, todos ali estavam chorando e esperando a surra que o pai lhes prometera.
Mas na verdade, ninguém apanhou. Papai Néo queria apenas saber qual dos filhos era o mais corajoso.
Minhas simples histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citado a fonte e o autor.
Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com
Autor:
José Mendes Pereira
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citado a fonte e o autor.
Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com
Autor:
José Mendes Pereira
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com