Por: José
Mendes Pereira
Vivia de
pequenos furtos. Não deixava quieto o que via em sua frente. Quando criança
Farinha com Sal admirava-se dos maus costumes que tem os ladrões. E para
aprender, Farinha com Sal deu início a uma espécie de treino. Colocava a sua camisa em um lugar, e lá fazia o furto, tentando esconder da mãe
a sua nova invenção. O tempo foi se passando, a prática foi aparecendo, e meses
depois Farinha com Sal estava prontinho para começar a sua primeira
profissão.
O nosso
larápio residia em Mossoró, nas imediações do Bom Jardim, nos dias de hoje, a Rua em que ele morava é a Pedro II, paralela com a Pedro I.
Farinha com
Sal não era um larápio perigoso, apenas famoso pelas suas astúcias. Paciente,
tranquilo, e se o sujeito o pegasse com roubo nas mãos, descaradamente o
entregava com um sorriso meio tímido, e com isso se
tornou um ladrão compadecido pela população, não o entregando a polícia.
Apesar do mau
costume que garregava consigo tinha uma amizade ao coronel Vicente Sabóia, que
mesmo ele sendo ladrão, frequentava a sua casa como qualquer outro cidadão. Mas
Farinha com Sal sabia muito bem onde pisava.
(*1939; +2001). Filho de Vicente Saboia de Albuquerque Filho(*Fortaleza, Ce, 1910; + Rio, 1976) e Vera Saboia(i.m). Neto do Coronel Vicente Saboia de Albuquerque (citado) e Dona July. Na foto, tirada no Bar Cabral 1500(Rua Bolivar com Atlântica, Rio) em 1976 ou 1977, vemos, da esquerda para a direita: Daniel Caetano de Figueiredo (citado), Vicentinho e Victor Samuel Cavalcante da Ponte. Velhos tempos que não voltam mais - http://www.genealogy.com/users/s/a/b/Famlia-saboia-O-Saboya/PHOTO/0021photo.html
Em conversa o
coronel Vicente Sabóia o desafiou, que ele fazia roubos em outras casas,
mas duvidava que ele chegasse a entrar em seu lá, com ele e o Bertoldo em
casa. (Seu cão de estimação, valente ao extremo).
Farinha com
Sal querendo provar que o roubaria com facilidade, fez-lhe a seguinte proposta:
- Coronel, se
eu conseguir entrar na sua casa, e se o senhor acordar e me ver dentro de casa, o senhor não atirará em mim, e nem me prenderá?
- Garanto-lhe que não atirarei e nem chamarei a polícia. Mas isso não vai acontecer nunca! - continuava duvidando o coronel.
- Se o senhor garantir mesmo, eu vou lhe mostrar que eu entro com o senhor e o seu cão em casa.
- Concordado! - Confirmou o coronel Vicente Saboia.
Os dias se passaram, chegando a meses, mas Farinha com Sal não havia desistido da proposta que fizera ao coronel.
Certa
noite, já passava de duas da madrugada, Farinha com Sal se
escondeu bem próximo à casa do coronel, e em sua companhia conduzia
uma cadela.
Esta dera o
nome de Dardora (Das Dores) que criara desde pequena, e a batizara com este
nome; dizia que era uma homenagem a sua sogra, que segundo ele, ela era mais
vadia do que mesmo a sua cadela. Farinha com
Sal foi até as laterais da casa, e por cima do muro, jogou a cadela.
Bertoldo muito
lhe agradeceu e se entreteu com a cadela. Enquanto os dois se amavam Farinha
com Sal cuidava do arrombamento da porta do coronel. Abriu-a e ficou
lá fora sentado, pastorando a casa arrombada.
Como do
costume, o coronel se levantava antes das cinco horas da manhã. Ia até o
Mercado Público, batia um papo com os amigos e depois retornava para tomar um
café reforçado.
Nessa manhã,
ao se levantar, viu logo a sua porta aberta. Assustado, gritou para mulher que
ainda cochilava.
- Mulher,
roubaram a nossa casa!
Lá de fora
Farinha com Sal disse-lhe:
- Coronel, não
atire! Sou eu, Farinha com Sal. Mas pelo amor de Deus não chame a polícia.
Farinha com
Sal provou que tinha jeito mesmo de um grande ladrão.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/08/no-tempo-dos-coroneis-farinha-com-sal.html
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José
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