quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Naquelas décadas de sessenta e início dos anos setenta não era tão fácil para se comprar objetos quando se desejava, como instrumentos musicais, bicicletas..., devido à malvada inflação que não dava chance a ninguém, principalmente para quem não trabalhava, assim como nós, que vivíamos ali naquela instituição sem a mínima preocupação, exceto o estudo, passávamos o dia inteiro sem fazer nada, e à noite nós desmanchávamos o que não tínhamos feito durante o dia. 

O governo Estadual mais malandro ainda, que sustentava uma porção de gente preguiçosa, desocupada e ainda tinha muitos que reclamavam da boa vida que levavam.

Eu havia me esquecido daquela noite em que saímos da Casa de Menores, “as escondidas” apenas com autorização do monitor, para fazermos uma serenata no bairro Boa Vista, não me recordo bem a Rua, mas era na casa de uma das suas namoradas.

trilhasdeluz.blogspot.com

Naquele tempo quem delegava Mossoró era o carrasco Tenente Clodoaldo, digo carrasco porque ele mantinha a cidade com autoridade, não dava chance a certos bagunceiros, malandros que tentavam tirar a tranquilidade da população. Querendo colocar ordem na cidade, distribuía rondas pelos bairros de Mossoró, na intenção de proteger toda população.

Nessa noite fomos surpreendidos pela ronda noturna do então tenente, e que por sorte, não fomos obrigados pelos policiais para voltarmos às pressas para casa. As ordens do tenente Clodoaldo eram para serem cumpridas.

Foto do Tenente Clodoaldo -1987 - www.azougue.org

Quando você percebeu que a ronda se dirigia à nossa direção, de pressa colocou o violão em um tonel que estava em uma calçada. Mas você não tinha a mínima ideia o que teria dentro daquele tonel.

Ali, ficamos fingindo que estávamos conversando, e a ronda passou vagarosamente nos observando, mas felizmente ela não disse nenhuma palavra, acelerou o jeep e tomou rumo para outras ruas.

acordesdeviolao.com.br

Após os nossos disfarces, foi retirado o violão de dentro do tonel. Mas por pouca sorte, você havia o mergulhado  em uma porção de água de cal virgem, que com certeza havia sido preparada para ser usada no dia seguinte por pintores.   

No dia seguinte, o violão que era bom de som, amanheceu todo descolado e empenadíssimo. Mas o único culpado e prejudicado foi você, que ficou sem o seu estimado pinho.

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Autor:
José Mendes Pereira

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