Por: José
Mendes Pereira
Em mil
novecentos e oitenta e três eu fui encaminhado à Escola Estadual Professor
Manoel João para assumir uma vaga de professor e lecionar português.
Essa indicação foi feita por Laurita Rosado e Laurenisa Maia, através do trem
da alegria.
No dia vinte e três de Maio eu recebi o meu encaminhamento, e no dia seguinte, às nove horas, pela manhã, fui ao antigo Nure, hoje Dired, para fazer o meu cadastro funcional.
Noutros tempos, o Nure funcionava no Pio XII (anteriormente era uma repartição religiosa, dirigida por freiras, e que dava apoio a moças que tinham sido decepcionadas na vida amorosa, uma espécie de convento, eu não posso afirmar com clareza, e posteriormente ela foi desativada pela direção da Diocese de Mossoró).
Quando eu cheguei ao Nure em um pequeno corredor, como chamamos popularmente, de um lado e do outro, um grupinho de pessoas se encontrava sentado. Ao passar no meio dele, no lado esquerdo, surgiu um murmúrio de risos baixinho no ambiente, mas eu me segurei e fiz de conta que nada estava acontecendo.
Na sequência, caminhei em direção à sala onde estava a diretora do Nure, Zilda Maria Cabral, e a entreguei o encaminhamento, mas recebi através dela, uma informação desagradável, de que no momento não tinha vaga para professor, e sim, para “Téc-D.” Não pensei duas vezes, e aceitei a proposta de me contratarem como “Téc-D”, pois eu estava vivendo de uma pequena quitanda, no conjunto Ulrick Graff, e com muitas dificuldades financeiras.
Após as suas explicações, fui informado de que eu teria que retornar ao órgão no dia seguinte, porque a moça encarregada do setor, isto é, de onde começavam os registros, havia saído para resolver problemas relacionados com o mesmo. Ela me disse o nome da pessoa, mas assim que eu saí da sua sala, esqueci-me por completo.
Saí meio apressado para que o grupinho não repetisse mais os risos, e por sorte minha, não havia mais ninguém no lugar. Desci os degraus, passei pelo portão, parei um pouco sob uma das caixas de água que fica em frente, pitei, usando a minha imbecilidade, e em seguida resolvi voltar para apanhar o nome da moça que eu havia me esquecido.
E novamente retornei ao local, e em um dos recantos do corredor, tinha uma senhora prestando informações às pessoas que ali chegavam. Expliquei o meu problema, e ela escrevinhou às pressas, em um papelzinho e me passou. Eu pensando que ela estava me entregando o nome da moça a qual eu deveria falar no dia seguinte, recebi-o, enfiei no bolso e fui-me embora.
Só mais tarde quando eu cheguei em minha casa foi que eu descobri que o bilhete dizia assim:
“Os risos que
surgiram no corredor foram causados porque o lado esquerdo da sua calça está
descosturado até ao joelho”. (Que coisa hein!).
“A senhora que
me atendeu eu acredito que já está gozando os seus direitos, isto é,
aposentada, pois nunca mais a vi na Dired”.
Minhas
Simples Histórias
Se
você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Todos
os direitos reservados
É
permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com
Autor:
José
Mendes Pereira
Se
você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com