quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Seu Pedro Leão e o alicate

Por: José Mendes Pereira

Apesar de ter sido um homem de boas condições financeiras Seu Pedro Leão não era arrogante, mas não dava chance a certas pessoas oportunistas. 

Foi um dos mais velhos comerciantes de Mossoró, período em que ela caminhava para o desenvolvimento. Seu Pedro Leão era um homenzarrão, de andar lento, conduzia sempre o seu paletó em um dos braços, não lhe faltava na boca um enorme charuto; tranquilo quando alguém perdia a paciência com ele, igualmente quando chamava a atenção de alguém.

Em sua loja, no centro da cidade de Mossoró, no ramo de ferragens, vendia todos os tipos de ferramentas para marceneiros, pedreiros, agricultores..., como por exemplo: pás, enxadas, alavancas, picaretas, lâminas serras, fechaduras, dobradiças, goma laca, alicates...

Certo dia, um sujeito fez uma compra em sua loja de um alicate de boa qualidade. Envolvido com um dos seus concorrentes, que no momento também fazia compras de outros utensílios, o sujeito esqueceu de examinar a ferramenta, isto é, se tinha algum defeito de fabricação. Pagou-a, recebeu-a juntamente com a nota de conferência, saindo da loja do seu Pedro Leão às pressas, em busca da sua oficina.

Ao chegar, percebeu que as garras (boca) do alicate não casavam uma com a outra, e não querendo ficar com o prejuízo, sendo conhecedor dos direitos que o consumidor tem, resolveu voltar até a loja do seu Pedro, para lhe devolver o objeto defeituoso, e receber outro sem aquele probleminha.

Logo que chegou à loja de ferragens, seu Pedro estava ocupado com um freguês. Não querendo atrapalhar o atendimento do comerciante, resolveu esperar um pouco, até que ele despachasse o seu cliente.

Assim que seu Pedro liberou o freguês, o sujeito disse-lhe que tinha voltado à sua loja, para fazer a troca de um alicate que havia comprado horas antes. E em seguida, entregou-o acompanhado da nota de conferência, que era a verdadeira prova que tinha comprado lá.

Seu Pedro examinou o alicate, e vendo que estava defeituoso, mesmo assim, disse-lhe que não o recebia.

O sujeito esbravejou dizendo-lhe que era sua obrigação, e não iria ficar com o prejuízo.

Usando a sua esperteza, Seu Pedro perguntou-lhe:

- Você não quer perder o alicate, não é?

- Quero não seu Pedro. Eu comprei ao senhor e é um dever seu fazer a troca da ferramenta.

- Troco não.

- Mas seu Pedro...!!!

- Você que comprou só um não quer perder, imagine eu que vou perder esta ruma todinha aí! – disse ele apontado para a porção de alicates que estava na prateleira.

Seu Pedro não fez a troca, pois ele achava que todos os alicates que estavam no monte, estariam com o mesmo defeito de fábrica. Como ele iria perder todos os outros, não fazia mal o freguês perder só um.

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Fonte: 
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