Por: José Mendes Pereira
Apesar de ter
sido um homem de boas condições financeiras Seu Pedro Leão não era arrogante,
mas não dava chance a certas pessoas oportunistas.
Foi um dos
mais velhos comerciantes de Mossoró, período em que ela caminhava para o
desenvolvimento. Seu Pedro Leão era um homenzarrão, de andar lento, conduzia
sempre o seu paletó em um dos braços, não lhe faltava na boca um enorme
charuto; tranquilo quando alguém perdia a paciência com ele, igualmente quando
chamava a atenção de alguém.
Em sua loja,
no centro da cidade de Mossoró, no ramo de ferragens, vendia todos os tipos de
ferramentas para marceneiros, pedreiros, agricultores..., como por exemplo: pás,
enxadas, alavancas, picaretas, lâminas serras, fechaduras, dobradiças, goma
laca, alicates...
Certo dia, um
sujeito fez uma compra em sua loja de um alicate de boa qualidade.
Envolvido com um dos seus concorrentes, que no momento também fazia compras de
outros utensílios, o sujeito esqueceu de examinar a ferramenta, isto é, se
tinha algum defeito de fabricação. Pagou-a, recebeu-a juntamente com a nota de
conferência, saindo da loja do seu Pedro Leão às pressas, em busca da sua
oficina.
Ao chegar, percebeu
que as garras (boca) do alicate não casavam uma com a outra, e não querendo
ficar com o prejuízo, sendo conhecedor dos direitos que o consumidor tem,
resolveu voltar até a loja do seu Pedro, para lhe devolver o objeto defeituoso, e receber outro sem aquele probleminha.
Logo que
chegou à loja de ferragens, seu Pedro estava ocupado com um freguês. Não
querendo atrapalhar o atendimento do comerciante, resolveu esperar um pouco,
até que ele despachasse o seu cliente.
Assim que seu
Pedro liberou o freguês, o sujeito disse-lhe que tinha voltado à sua loja, para fazer a
troca de um alicate que havia comprado horas antes. E em seguida, entregou-o
acompanhado da nota de conferência, que era a verdadeira prova que tinha
comprado lá.
Seu Pedro
examinou o alicate, e vendo que estava defeituoso, mesmo assim, disse-lhe que
não o recebia.
O sujeito
esbravejou dizendo-lhe que era sua obrigação, e não iria ficar com o prejuízo.
Usando a sua
esperteza, Seu Pedro perguntou-lhe:
- Você não
quer perder o alicate, não é?
- Quero não
seu Pedro. Eu comprei ao senhor e é um dever seu fazer a troca da ferramenta.
- Troco não.
- Mas seu
Pedro...!!!
- Você que
comprou só um não quer perder, imagine eu que vou perder esta ruma todinha aí!
– disse ele apontado para a porção de alicates que estava na prateleira.
Seu Pedro não
fez a troca, pois ele achava que todos os alicates que estavam no monte, estariam
com o mesmo defeito de fábrica. Como ele iria perder todos os outros, não fazia
mal o freguês perder só um.
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Fonte:
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