Por José Mendes Pereira
Conta o
escritor Alcindo Alves Costa em seu livro: “Lampião Além da Versão - Mentiras e
Mistérios de Angico”, que o rio São Francisco foi um grande agasalhador do povo
sertanejo. E lá, o povoamento foi se formando nos alarmados declives de
sua margem.
Já no ano de
1611, um minúsculo povoado nascera lá, onde os sofridos sertanejos construíram
as suas barracas, na intenção de sobreviveram através da pesca, uma vez que as
dificuldades alimentares eram presentes. Como o rio era favorável à pesca,
mesmo faltando-lhes outros alimentos necessários à sobrevivência, todos
preferiam viver ali mesmo, no intuito de não morrerem de fome em outras
regiões. E nessa época, o lugarejo pertencia ao município de Mata Grande,
conhecido em todas as regiões adjacentes por Jaciobá. Os tempos foram se
passando, e a cada ano eram construídas mais casinholas, fazendo com que o
lugarejo fosse se expandindo gradativamente. E no ano de 1881, no dia 18 de
junho, através da lei nº. 756, finalmente o lugarejo foi emancipado, tomando posse
como primeiro intendente, ou seja, prefeito, um senhor chamado Serafim Soares
Pinto. E assim que passou a ser cidade, começou a se desenvolver mais
ainda, tornando-se um importante município nas terras alagoanas. Mas
posteriormente, este valoroso município passou a ser chamado definitivamente de
Pão de Açúcar.
E já no século
XX, o município passou a ser comandado pelo coronel Joaquim Resende, um senhor
de grande força política que chegou a ser odiado por alguns e admirado por
outros. Era um homem rancoroso ao extremo, uma vez que não temia a ninguém. Mas
apesar de ter seus adversários, mesmo assim, era um homem muito respeitado por
todos que moravam lá, e pelos povoados adjacentes. O coronel Joaquim Rezende
tinha as suas intrigas, tendo como inimiga, a família Maia, uma das mais
tradicionais que também não se rendia ao patenteado.
No ano de
1935, dois rancorosos e poderosos, pela primeira vez se encontraram, ambos
patenteados. Por um lado, o poderoso e zeloso da sua patente militar, o coronel
Joaquim Resende. E pelo outro, o afamado e considerado o governador dos
sertões, o amante das armas, o capitão Lampião. No encontro marcado para os
afamados, a única finalidade era discutirem os desejos de ambos, como donos da
lei.
Como Lampião
queria na força e na raça ser governador do sertão, e Joaquim Resende achando
que o rei não podia lhe dar ordem, o assecla se sentindo desprestigiado,
organizou uma maneira de atormentar a administração de Joaquim Resende. E
sempre que colocava os pés naquela região sertaneja, fazia invasões, com
depredações e ainda praticava mortes.
Sendo disposto
e exigente com a sua soberania, o coronel Joaquim Resende dizia abertamente,
que os arrufos de qualquer ser humano não lhe metiam medo. E nem tão pouco de
cangaceiro, assim como Lampião.
Como o rei ficou chateado com o que dissera o oficial contra a sua pessoa, resolveu fazer uma perseguição a alguns dos seus amigos. E assim que principiou o ataque aos amigos do coronel, este não querendo deixá-los sozinhos, isto é, entregue às vontades do perigoso Lampião, passou a apoiar as decisões que os seus aliados tomavam contra o assecla.
Como o rei ficou chateado com o que dissera o oficial contra a sua pessoa, resolveu fazer uma perseguição a alguns dos seus amigos. E assim que principiou o ataque aos amigos do coronel, este não querendo deixá-los sozinhos, isto é, entregue às vontades do perigoso Lampião, passou a apoiar as decisões que os seus aliados tomavam contra o assecla.
Com a decisão
tomada por Joaquim Resende, tanto os amigos do patenteado, como os do outro, o
rei Lampião, ficaram bastante preocupados, afirmando que se o oficial não
medisse as palavras que soltava ferindo o rei, a vingança não tardaria
acontecer. E a partir dessa desavença entre os poderosos, os protetores
das duas autoridades deram início a uma forma de a quieta, a quieta, na
finalidade de acabarem com a briga entre as suçuaranas humanas. O medo que
eles tinham era se Joaquim Resende continuasse usando certos termos
desrespeitando a majestade, uma vez que este não o perdoaria, e com certeza a
sua vingança seria devastadora.
Na verdade,
quem não quisesse ser desmoralizado ou derrotado, não adiantava criar problemas
com Lampião, pois além de ser destemido, era altamente perigoso e vingativo. E
quando não conseguia dominar os seus inimigos e perseguidores, iniciava uma
destruição em massa, sem reservar ninguém e nem a quem, tentando vencê-los na
força, com combates e na coragem. Mas era do conhecimento de todos, que o
rei Lampião sempre dizia:
“-Tenho
respeito por juízes e coronéis. E só brigo com estes patenteados, quando eles
querem, pois se depender de mim, eu não brigo”.
Mas como em
todas as brigas tem sempre uma pessoa que faz o papel de sossega leão, um
senhor chamado Zuza Tavares, foi um dos incumbidos pelos amigos para resolver a
questão entre os dois indomáveis leões.
Os amigos de
ambas as partes marcaram uma reunião, e decidiram que o importante para os dois
se entenderem, seria organizar um encontro entre as duas feras humanas.
E quando seria
este encontro? Logo no início do ano de 1936. E o local do encontro? Na
Fazenda Floresta, lá nas terras sergipanas, no Maitá, já que o rei e sua
respeitada saga estavam de redes armadas e cachimbos acesos naquele
lugar. E quem ficaria encarregado de providenciar o transporte até a
fazenda? O grande honrado para adquirir o transporte foi um senhor chamado
Messias de Caduda. E qual seria a locomoção que o famoso rei iria até a
casa do coronel Joaquim Resende? Lógico que seria em uma bela e zelada canoa,
já que no lugar não tinha iates, barcos ou outra coisa parecida. E de quem
seria esta canoa? A de um senhor de nome João de Barros. Apesar de ser
pescador, era um homem de grande confiança. Este foi o confiado para levar o
rei ao encontro do coronel. E sem muita demora, foi feito o contrato do aluguel
da canoa para este fim.
João de Barros
se sentindo importante, por ter sido escolhido para transportar a majestade,
deu início a uma grande limpeza no honrado transporte, tirando o excesso de
salmouras de peixes entre as tábuas. Afinal, nele iria entrar um dos homens
mais importantes do nordeste. Depois o higienizou com um cheiroso detergente. E
em seguida partiu para o local combinado. Canoa pronta, sua majestade dentro
dela. E sem mais tardar, João de Barros remou o belo transporte em direção a
Pão de Açúcar, até a Fazenda Floresta.
Mas,
desconfiado, sagaz e cuidadoso com a sua vida e as dos seus comandados, o rei
Lampião achando que poderia existir alguma armadilha na fazenda Floresta, antes
de chegarem ao local combinado, mandou que o João de Barros encostasse a canoa
à beira do rio. Este obedeceu a sua ordem. O assecla incumbiu que o Messias
descesse e fosse até a fazenda Floresta, e lá fizesse uma rigorosa vistoria,
olhando todos os cômodos da casa, revistasse tudo, tim, tim por tim, tim. Assim
que terminasse a revista por dentro da mansão, fosse vistoriar as suas
laterais, e não deixasse nada por revistar. E ainda o rei o advertiu que não
queria nenhuma novidade inesperada, pois se isso acontecesse contra ele e os
seus asseclas, Messias já sabia muito bem que ganharia uma penalidade
horrorosa. Ou o rei o mataria com um tiro, ou o enfiaria o seu longo punhal na
sua clavícula.
Messias ao entrar na casa, deu início à revista. E enquanto fazia a revista, olhou para um dos lados e viu um senhor que pelo seu jeito de se vestir, pareceu-lhe ser uma autoridade. E era mesmo. Sem dúvida, o coronel Joaquim Resende, o grande e respeitado oficial. O Messias que ainda não o conhecia, depois de algumas conversas, pediu que o perdoasse por ter entrado ali sem a sua generosa autorização, e alegou que era ordem do capitão Lampião para revistar o ambiente.
Messias ao entrar na casa, deu início à revista. E enquanto fazia a revista, olhou para um dos lados e viu um senhor que pelo seu jeito de se vestir, pareceu-lhe ser uma autoridade. E era mesmo. Sem dúvida, o coronel Joaquim Resende, o grande e respeitado oficial. O Messias que ainda não o conhecia, depois de algumas conversas, pediu que o perdoasse por ter entrado ali sem a sua generosa autorização, e alegou que era ordem do capitão Lampião para revistar o ambiente.
O coronel
Joaquim Resende não tendo nada a opor, disse-lhe que Lampião tinha razão, pois
ele estava mais do que certo. È claro que o coronel não iria tirar a razão de
Lampião, em mandar alguém para uma averiguação, pois a majestade precisava de
proteção, tanto para ele como para os seus comandados. E sem querer usar
os seus poderes, apesar de ser uma autoridade, disse ao coiteiro que naquele
momento aquela mansão estava entregue a ele. Autorizando-lhe que percorresse
todos os cômodos e dependências, inclusive revistasse as laterais da residência.
Terminada a revista, o Messias retornou ao local onde estava a majestade e os
seus valiosos asseclas.
Mas o capitão
Lampião podia ficar tranquilo, pois coronel Joaquim Resende e os seus
comandados não eram covardes para prepararem uma armadilha contra ele. O que
ali iria acontecer era simplesmente um acordo entre os dois arrogantes, e
jamais seria feita uma traição. O rei quando dava uma palavra, cumpria. E por
que Joaquim Resende não poderia cumprir a sua? Assim que o coiteiro retornou à
presença do rei, ainda meio preocupado com a segurança, e não
acreditando, Lampião exigiu que o coronel fosse até a beira do rio São
Francisco onde ele se
encontrava.
Não temendo o
chamado, mas o respeitando, Joaquim Resende dirigiu-se para o local sem se
sentir inferiorizado e sem nenhum problema. Na hora do encontro, todos foram
abraçados pelo assecla, principalmente o patenteado. Em seguida, tomaram rumo
ao palacete do oficial. Lá, foi necessário que o Zuza Tavares se retirasse do
local, pois Lampião precisava conversar com o coronel, um assunto a dois.
A reunião muito se demorou, e só terminou lá pela madrugada. E com certeza, o
assunto foi de grande interesse entre os poderosos.
Diz o escritor
Alcino Alves Costa que quando terminou o encontro, os amigos de ambas as partes
se sentiram realizados, uma vez que as queixas de Lampião contra o pessoal do
coronel Joaquim Resende, principalmente uma que ele tinha com um fazendeiro de
nome Juca Feitosa, as rixas antigas foram dispensadas e jogadas no assombroso
rio São Francisco. E as amizades, reconquistadas.
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