Por: José Mendes Pereira
Do meu conhecimento Mossoró recebeu como divertimento para a cidade 6 cinemas, os quais foram: Cine Rivoli, na Rua Melo Franco, no bairro Paraíba, Cine Centenário, localizado na Rua Almirante Barroso, no bairro Pereiros, Cine Caiçara, na Rua Alfredo Fernandes, centro, Cine Jandaia, na Avenida Alberto Maranhão, bairro Bom Jardim, Cine Cid, na Rua Coronel Vicente Sabóia, centro e o Cine Teatro Pax, um dos melhores e com estruturas modernas para a época.
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Segundo http://telescope.blog.uol.com.br o
Cine Pax foi a primeira casa projetada e construída
exclusivamente para fins cinematográficos, em Mossoró. Projeto do
arquiteto francês George Lumier, no estilo de arquitetura moderna.
Esta obra foi realizada durante a administração municipal do
Padre Luiz
Ferreira Cunha da Mota que imprimiu ares de civilidade à
cidade. Este cinema foi inaugurado numa noite, de sábado, no dia 23/01/1943, e
funcionou por quase 7 décadas, tendo as suas portas fechadas recentemente, o
que deixou a cidade sem acesso à Sétima Arte.
O Cine Teatro Pax pertencia ao empresário Jorge Pinto, um cearense que desde muito novo viera para Mossoró, e aqui residiu até os seus últimos dias de vida, na Avenida Presidente Dutra, no centro.
Jorge Pinto era um senhor baixo, moreno, usava sempre a camisa passada, amigo dos amigos, e até gostava de prosear com as suas amizades, e pelo seu jeito simples, jamais demonstrou ser empresário.
Fui colega de trabalho na Escola Estadual José Martins de Vasconcelos da Sandra Pinto, Zilda Pinto, ambas professoras e netas deste. Além destas da família do Jorge Pinto, também trabalharam comigo a Júlia Pinto, proprietária do Hotel Imperial e a Ruth Pinto, sendo que esta era sobrinha do Jorge, mas ainda a Rosa Maria Pinto que era filha do empresário.
Seu Jorge Pinto tinha um coração grande, e sempre fez com que algumas crianças que não tinham dinheiro, eram colocadas para dentro do cinema pelo próprio dono, mas a troco de um capilé.
Muitos já viviam acostumados, e ao chegarem ao cinema, desejavam que seu Jorge Pinto estivesse ali por fora. Se ele estivesse ali, levariam um capilé e entravam no cinema satisfeitos e sem dificuldades, pois um capilé não doía, mas se fosse pagar, o bolso doía.
Seu Jorge Pinto gostava de ficar acompanhando a entrada das pessoas ao cinema, e certa noite, um sujeito que já passava dos dezoito anos, e ao chegar lá, viu que uma mariposa pousava sobre a manga da camisa do seu Jorge Pinto. Querendo entrar no cinema de graça, caso fizesse algo de importância para chamar a atenção do empresário, aproximou-se, e com o dedo, fez com que a mariposa caísse ao chão.
Seu Jorge o agradeceu e caminhou em direção à entrada do cinema. Mas como o sujeito queria uma oportunidade para ver o filme sem pagar, foi até onde ele estava e disse-lhe:
- Seu Jorge, deixe eu entrar para ver o filme sem pagar, porque hoje eu não tenho nenhum tostão.
Como tinha muita gente na fila da bilheteria para comprar a entrada, mesmo assim seu Jorge Pinto o reconheceu, que ele era o jovem que havia expulsado a mariposa que antes estava pousada na manga da sua camisa. E em seguida perguntou-lhe:
- Você é o sujeito que tirou a mariposa que estava sobre a manga da minha camisa?
- Sou sim senhor! - respondeu ele crente que depois daquele grande favor de retirar a mariposa que estava sobre a camisa do empresário, com certeza seu ele iria reconhecer e deixá-lo entrar no cinema sem pagar.
E olhando para ele, seu Jorge Pinto disse:
- Não deixo! E vá pegar a mariposa e colocá-la aqui na minha camisa. Eu não mandei você tirá-la daqui. Esses favores eu agradeço.
Nessa noite o rapaz não viu o filme.
A foto do Jorge Pinto é do acervo do http://telescope.blog.uol.com.br
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Autor:
José Mendes Pereira
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