sexta-feira, 5 de julho de 2013

NÃO ZOMBE DE DEFUNTOS, VOCÊ PODERÁ PAGAR CARO!

Por: José Mendes Pereira
Foto: JOSÉ MENDES PEREIRA

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Muitas pessoas gostam de zombar de quem já pegou o seu paletó de madeira, relatando o que aquele morto fez aqui na terra, o que deixou de fazer, se era ruim, malandro, rico, pobre, desastrado, feio, mui amigo... Falam, falam, falam, mas nunca se lembram do que ele fez aqui de bom para alguém. Elogiá-lo, mesmo morto, é provável que irá fazê-lo de um defunto bom. Então o melhor para muitos é denegrir mais ainda o seu nome. Os seus defeitos são jogados sobre a mesa para quem quiser levar a conversa mais adiante. Mas isso poderá surgir uma guerra em favor do morto.

No dia 2 de Novembro de 2006 eu acompanhava o meu pai nas visitas às covas dos nossos falecidos, no Cemitério São Sebastião em Mossoró. O lugar estava completamente lotado pelos visitantes, que por uma razão qualquer visitavam àquelas covas, túmulos etc.

Túmulo do ex-prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes

Paralelo a nós, seguiam dois senhores; um era do nosso conhecimento, mas apenas de vista e chapéu, o outro, jamais havíamos o visto em lugar nenhum.

Ao passarem por um túmulo pararam e ficaram zombando do morto que ali estava guardado na sua última residência. O túmulo havia sido limpado, e estava rodeado de flores, mais  uma enorme coroa com os seguintes dizerem: “Que saudades nós sentimos da sua falta em nosso lar”.

O homem que nós o conhecíamos isto é, sem termos amizades, querendo fazer graças diante dos visitantes que no momento caminhavam sobre a passarela, disse:

- Veja a frase Zé, que está escrita oferecida a este nojento! Só sendo louca a pessoa que oferece uma frase desta a esta porqueira.

- É mesmo! - concordou o outro em tom de zombaria.

Mas não demorou muito para que o nosso conhecido fosse castigado. 

E sem menos esperarmos, um homem moreno, forte, de braços avantajados, de andar de pernas abertas, sentou o grosso braço no tronco da orelha do exaltado, fazendo-o cair. E ao cair ficou ciscando sobre o chão como se estivesse morrendo. Mas estava totalmente desacordado.

E ao terminar o castigo o castigador saiu se enfiando no meio da multidão, que com certeza achava que aquele homem não havia resistido ao seu perverso murro, e ali mesmo iria ficar prontinho para se fazer o enterro.

Logo ao vê-lo no chão uma porção de pessoas tentou reanimá-lo; uns o abanavam, outros lamentavam a perversidade do agressor, e aos pouco ele foi recuperando a memória, ali, de cabisbaixa, um pouco suado, mas sem olhar para ninguém.


O mais interessante!

No momento em que ele se recuperava da mãozada que havia levado chegou um enterro, e ao  ver o caixão sendo empurrado por algumas pessoas, saiu correndo numa gritaria assustadora. 

Entendemos que o agredido não estava lembrado do que havia acontecido, e imaginou que quem vinha dentro daquele caixão era ele.

O agressor, sem dúvida, era um dos familiares do defunto criticado.


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Autor:
José Mendes Pereira

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