Por José
Mendes Pereira
Minha mãe detestava posar para fotografias.
Quando alguém roubava uma foto, ela ficava "P" da vida. Ela não era
comunicativa, gostava mais de ouvir. Se aquele assunto lhe interessasse, poderia
talvez comentar. Mas não era pessoa de estar sorrindo.
Quando alguém falava mal
de quem ela gostava, o melhor para ela era sair de fininho. Fazer um cafezinho
ou outra coisa qualquer.
Lembro-me que por ser uma mulher que pouco falava, aos
domingos à tarde, depois das três horas, juntamente com outros irmãos, nós permanecíamos
sob uma árvore de sua casa, na calçada, mas o assunto ou os assuntos ela
sempre participava calada. Só ouvindo.
Valeu minha mãe! Apesar da sua calma,
mesmo falando pouco, foi uma mãe que estava sempre ao nosso lado, não para nos
proteger caso se nós errássemos, coisa que nunca aconteceu, mas foi uma mamãe
mesmo.
Já meu pai era aquela capacidade. Não chamava nós filhos ou filhas, de
você. Era o senhor ou senhora, e se fosse filha que ainda não havia casado,
chamava-a de senhorita.
Meu pai gostava tanto dos irmãos e irmãs que quando não via um
deles ou delas, já estava preocupado: (Faz dias que eu não vi Antonio Néo, Zé
Néo, Mané de Néo,etc).
Os seus sobrinhos e sobrinhas para ele eram intocáveis.
Não queria ouvir algo não aconchegante contra um deles ou delas. Tinha uma
verdadeira consideração a todos.
Todos os seus amigos, para ele, faziam parte
da sua família, e tinha o maior medo que nós, filhos, criássemos algum problema com pessoas das suas amizades, ou mesmo com pessoas que não participavam do seu círculo de considerações.
Que grande pai que nós tivemos, apesar da pobreza e sem formação escolar, apenas sabia ler e escrever, mas parece que a sua sabedoria tinha vindo do berço. Aprendeu que ser amigo de quem quer que seja, é muito importante. Não adianta falar mal de ninguém.
Que grande pai que nós tivemos, apesar da pobreza e sem formação escolar, apenas sabia ler e escrever, mas parece que a sua sabedoria tinha vindo do berço. Aprendeu que ser amigo de quem quer que seja, é muito importante. Não adianta falar mal de ninguém.
Nunca nos bateu, ao contrário,
ajudava-nos caso precisássemos. Vendia criações com prazer, só para fazer uma
arrumação para um filho, um amigo etc.
Vi meu pai tirar criações do chiqueiro
para fazer arrumação para pessoas das suas amizades, não só uma vez como várias. Às vezes, algumas pessoas lhe diziam:
- Você Pedro Nél, faz isso para fulano, mas
ele não irá te agradecer.
E ele respondia:
- Deus me agradecerá e me dará mais!
E na verdade,
Deus ajudou tanto o meu pai que nunca sofreu com situações financeiras. Sempre
tinha com que comprar o seu alimento e de todos os filhos.
Minhas
Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Fonte:
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