Por: José Mendes Pereira
Dona
Terezinha, -esposa - Fransquinho Vasconcelos, Vasconcelos Neto e
Silvia --1956
Era um homem de admirável simplicidade. Educado, calmo, que atendia as pessoas com um simples gesto de boas vindas. Filho de uma grande personalidade de Apodi, mas radicado em Mossoró, o escritor, poeta e jornalista José Martins de Vasconcelos.
Lembro-me bem
onde funcionava a sua primeira Livraria e Tipografia, ao lado do
Banco do Brasil, próxima ao antigo Cine Cid, na Rua Coronel
Vicente Saboia, e posteriormente na mesma rua, construiu um prédio, e lá
se estabeleceu até os seus últimos dias de vida.
Nunca foi homem de luxo, apenas organizava o seu comércio: um birol pequeninho feito de pereiro e envernizado, onde guardava todos os seus documentos, notas fiscais, talões...
Nos anos
sessenta e setenta eu era tipógrafo na Editora Comercial S/A., e através de
contatos gráficos, fiz amizade a ele. Deixando a vida gráfica, as nossas
amizades cresceram mais ainda, quando fui prestar os meus serviços públicos ao
Estado-RN, numa escola, cujo patrono é o seu pai, José Martins de Vasconcelos.
Ele querendo que o nome do seu velho pai fosse zelado e seguisse mais
adiante, fazia panfletos para serem entregues na escola, todos levados e distribuídos
aos alunos por mim.
A história que
segue não foi ele quem me contou, mas segundo os gráficos mais antigos, já
falavam o que havia ocorrido na sua tipografia.
Fransquinho
Vasconcelos tinha um dos seus empregados que muito o paparicava. Por mais que
existissem homens honestos, para ele, não serviam para lavar os pés do
seu grande e honesto profissional.
No final de semana, sábado à tarde, era do costume o
empregado fazer bicos (horas extras), em sua tipografia. Enquanto Fransquinho Vasconcelos organizava os seus documentos de trabalho, o operário
permanecia lá dentro da oficina, fazendo as suas impressões tipográficas,
isto no sentido de adiantar os pedidos para a semana entrante.
Mas geralmente
aos sábados, desaparecia dinheiro da sua gaveta, e, como tendo total
confiança no seu empregado, jamais imaginou que poderia ser ele
que o roubava. E os desaparecimentos de dinheiro continuavam sem ter a certeza
quem seria o larápio.
Já cansado
de ser assaltado, idealizou uma simples e bem pensada ideia, para
descobrir quem seria o ladrão que o roubava. Comprou um chocalho, não tão
grande, mas médio, e montou-o sob a gaveta onde ele guardava os seus
valores.
Nessa tarde, depois de pronta a armadilha, foi lá dentro da oficina e disse ao empregado que iria dar um dedinho de conversa com os amigos, lá na praça da Catedral. Geralmente, lá estavam: Jorge Pinto, proprietário do Cine Pax, Seu Medeiros, da Casa Medeiros, Seu Ferreira, da Casa Ferreira, Odílio Pinto, seu contador, e outros e outros comerciantes se divertiam por lá.
Mas Fransquinho Vasconcelos em vez de ir à viagem escondeu-se por trás de um monte de caixas com livros que iria ser colocado nas prateleiras, e lá ficou observando quem iria lhe roubar.
Nessa tarde, depois de pronta a armadilha, foi lá dentro da oficina e disse ao empregado que iria dar um dedinho de conversa com os amigos, lá na praça da Catedral. Geralmente, lá estavam: Jorge Pinto, proprietário do Cine Pax, Seu Medeiros, da Casa Medeiros, Seu Ferreira, da Casa Ferreira, Odílio Pinto, seu contador, e outros e outros comerciantes se divertiam por lá.
Mas Fransquinho Vasconcelos em vez de ir à viagem escondeu-se por trás de um monte de caixas com livros que iria ser colocado nas prateleiras, e lá ficou observando quem iria lhe roubar.
Como o
empregado não imaginava que o velho patrão tinha preparado uma armadilha para pegar o ladrão do seu dinheiro, parou a máquina
impressora, foi até a sala, em seguida dirigiu-se até a
porta que saía para rua, para ter certeza que Fransquinho
Vasconcelos tinha ido a dita viagem, e vendo que o patrão havia ido mesmo,
voltou, abriu a gaveta, assustando-se com o trim-trim do chocalho.
Desconfiado,
em vez de retornar à oficina, e sentindo vergonha da sua própria fraqueza, e
não imaginava que o patrão se escondia por trás das caixas, foi tentar
disfarçar o seu erro entre elas. Mas se enganara! Quando tentava se
ocultar por ali, viu o patrão banhado de tristeza, por saber que quem o roubava
era o seu homem de confiança.
Ao vê-lo ali escondido, disse-lhe:
- Que vergonha
seu Fransquinho! Que vergonha!
- Muito mais
vergonha sinto eu, - dizia Fransquinho Vasconcelos trêmulo e sentindo piedade
do miserável, - pois jamais eu imaginei que você fosse capaz disso. Mas
não vou te demitir. Você vai continuar trabalhando nesta gráfica. Se eu te
demitir, aqueles teus filhos irão todos morrerem de fome, e eles não têm culpa
da sua fraqueza. Leve sempre para sua casa coisas adquiridas através do
teu suor, para ensinar a teus filhos o caminho da vida sem decepções. Se você
continuar assim, estará ensinando aos teus próprios filhos a serem
desonestos, e daí a pouco estarás comendo do roubo que teus filhos furtaram. E
o fim será cadeia para pai, filhos e mais nada.
Até onde eu
sei o homem não quis mais ficar trabalhando na empresa, abalando-se de
Mossoró com toda sua família. Nunca mais foi visto nesta cidade.
Minhas simples
histórias
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Fonte:
http://cantocertodocangaco.blogspot.com
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Autor:
José
Mendes Pereira
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