Por: José Mendes Pereira
Quando
eu crio uma pequena história com um dos nossos antepassados, não é no
intuito de criticar ou desmoralizá-lo, e sim, fazer com que esta pessoa seja
lembrada por muitos e muitos anos.
Nem todos moradores de uma cidade têm o privilégio de serem homenageados, pois as famas e os elogios são dirigidos aos famosos políticos e grandes empresários. Nem os artistas (não me refiro a cantores e atores), e sim, artesãos, escultores, escritores... não são vistos com bons olhos.
Se caminharmos nas ruas das nossas cidades, nas esquinas não veremos nomes daqueles pobres sofredores que muito contribuíram com o desenvolvimento das suas cidades. Infelizmente morreram para sempre, como: carroceiro, lavador de carros, lavadeira de roupas, enfermeira, agricultor, professor (coitado), taxista, pedreiro etc...
Mas com certeza nós iremos encontrar os seguintes nomes: Rua Presidente Kennedy, Avenida Bob Kennedy, Rua Luther King, Conjunto Ulrick Graff, Rua Crocrat de Sá (todos americanos), Rua Presidente Costa e Silva, Rua Tancredo Neves... e mais outros e outros famosos que não caberão nesta página.
Esse desprezo aos pobres de Jó, não é só em minha Mossoró, mas todas as cidades brasileiras, em fim, só valorizam quem acumula riquezas e nasceu em berço de ouro. O pobre que quiser passar bem, a única solução é carregar a sua mãe na garupa, porque a glória é dada aos famosos.
Hoje homenageio um grande comerciante dos anos remotos em Mossoró, que naqueles tempos era apenas arranjado, como diz o ditado. Infelizmente seu Pedro Leão faleceu, e o seu nome morreu para sempre. Nenhuma homenagem foi feita ao grande empresário Pedro Leão pela Prefeitura Municipal de Mossoró.
Pedro Leão era
um dos mais antigos comerciantes de Mossoró, no ramo "ferragens",
estabelecido à Rua Coronel Gurgel, no centro da cidade. Adorava tomar
cerveja no bar do Pitias, localizado à Rua José de
Alencar.
Todo sábado,
ao meio dia, era de costume, pois assim que fechava a sua casa de ferragens ia
direto ao bar, onde lá uma porção de pessoas da sociedade costumava se
encontrar. No bar Pedro Leão tinha como se fosse cativo, logo na entrada, um lugar, uma cadeira e uma mesa eram reservados para o famoso comerciante.
Naqueles
tempos não existia a proibição do uso de cigarros, charutos ou outra
coisa parecida. E lá, Pedro Leão acendia o seu apreciado charuto. Uma cerveja
ingerida, um charuto queimado.
Nunca deu mole a garçom nenhum, e não aceitava que ele fizesse a conta pelas garrafas de cervejas vazias, e sim, as tampas que ele as guardava em seu bolso do paletó. Pedro Leão temia que em um piscar de olhos, o garçom poderia colocar garrafas fazias em cima de sua mesa, que não faziam parte da sua despesa. Cada cerveja aberta, a tampa seria colocada no seu bolso, justamente para não ser enrolado por garçons oportunistas.
Nunca deu mole a garçom nenhum, e não aceitava que ele fizesse a conta pelas garrafas de cervejas vazias, e sim, as tampas que ele as guardava em seu bolso do paletó. Pedro Leão temia que em um piscar de olhos, o garçom poderia colocar garrafas fazias em cima de sua mesa, que não faziam parte da sua despesa. Cada cerveja aberta, a tampa seria colocada no seu bolso, justamente para não ser enrolado por garçons oportunistas.
Se o
tira-gosto fosse rolinha assada, que era uma das suas preferências,
exigia que ela viesse para a mesa onde ele se sentara acompanhada da
perna, mas cada uma delas, somente uma perna, também para não serem contadas duas pernas, duas rolinhas.
Esse era o seu
medo, temendo que tomasse goles a mais, e o garçom o enrolasse na hora do
pagamento das despesas. Jamais tinha sido enrolado por nenhum deles. Mas por
precaução, exigia isso.
Certo dia Seu
Pedro já se encontrava além de ébrio. Mas, esperto, sentiu que alguém estava
colocando tampas de garrafas no seu bolso. Realmente o garçom tentando
enrolá-lo, quando passava por ele com pratos ou garrafas de cerveja para servir
em outras mesas, colocava uma, duas..., tampas no seu bolso. Como ele era um
homenzarrão, desabotoava o paletó, fazendo com que o bolso ficasse aberto. Isso
facilitava muito para o garçom colocar tampas. Mas foi inútil.
Sentindo que
já estava na hora de ir embora, Seu Pedro chamou o garçom para tirar a
conta.
O garçom, esperto, mas na verdade era um verdadeiro bobalhão, não imaginava da reação inteligente do seu freguês, o Pedro Leão.
O garçom, esperto, mas na verdade era um verdadeiro bobalhão, não imaginava da reação inteligente do seu freguês, o Pedro Leão.
– Tire as
tampas das garrafas do bolso seu Pedro, para que eu possa contá-las e fazer a
conta da despesa. - Disse o esperto garçom, na certeza que iria sair no lucro.
– Tampas hoje
não, amigo! Hoje vamos fazer a conta pelas garrafas que estão sobre a mesa! –
Disse ele usando a sua esperteza.
Minhas
simples histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
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Fonte:
http://cantocertodocangaco.blogspot.com
Autor:
José Mendes Pereira
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Um comentário:
É isto mesmo Professor Mendes: Para um esperto - esperto e meio.
"O mal do sabido é pensar que todo mundo é tolo". Assim pensou o garçom, e se atrapalhou, encontrando o SEU PEDRO LEÃO portador de precaução contra os mais espertos.
Quanto às homenagens, é isto mesmo que você fala. Quantos dos nossos antepassados são esquecidos para as novas gerações por falta de alguém que lhe faça uma homenagem, por mais simples que seja - homenagem essa que dará conhecimento às futuras gerações?!
Lembre-se Mendes: Cada vez que encontrar erros nos meus escritos, corrija por favor. Você é professor de Português, enquanto minha área é outra.
Parabéns.
Antonio José de Oliveira
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