Por: José
Mendes Pereira
Quem não
conhece Deus o grande criador de tudo quanto há no gigantesco universo, como
por exemplo, algumas aldeias de índios, que ainda não tiveram contatos com o
homem branco, e se elas forem informadas da existência de um ser supremo, e se
elas disserem algo contra Ele, estarão protegidas pela própria lei de Deus.
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“Eles não sabem o que dizem”. Mas, nós que o conhecemos através da Bíblia, se
dissermos algo contra Ele, estaremos colocando a nossa amada vida em jogo.
No final dos
anos oitenta, o Rio Grande do Norte foi dirigido por um governador que não teve
o mínimo respeito por professor, e foi neste governo que os mestres sofreram
tanto, tanto, que para conseguirem atravessar a crise (chamada de “no
tempo do ovo”), crise esta que não só eu como tantos outros sofreram; eu fui
obrigado procurar outros meios para completar o meu salário (santos olhos); ou
eu enfrentaria outra atividade, ou iria sofrer difíceis crises, juntamente com
os meus filhos. Tentei várias atividades, só estacionando no ramo de
Serralheria (metalúrgica), confeccionando portões e grades metálicas. Nesta
nova atividade quase perdi a visão do olho esquerdo, perfurada por uma fagulha
metálica, obrigando-me a procurar com urgência um oftalmologista.
Já havia se
passado doze dias que a maldita fagulha estava espetada na membrana do meu olho
esquerdo, mas como as condições ainda eram precárias, eu esperava por um
milagre, isto é, que ela saísse gradativamente. Não saindo por espontânea
vontade, caminhei até ao oftalmologista, cujo doutor, o chamarei de Fulano de
Tal.
Logo que o
consultei, dirigiu-me palavras desagradáveis, que eu já havia perdido o olho, e
a culpa era minha, por não ter ido logo ao seu consultório para fazer a
retirada da fagulha. Mas mesmo com essa informação desagradável, fui preparado
para uma simples cirurgia.
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O Doutor
Fulano de Tal deu início e minutos depois, cuidadosamente retirou a fagulha. E
logo veio a palavra que eu mais esperava:
- Pronto.
Retirei a fagulha. Mas se demora mais, você seria um caolho.
Eu, besta,
talvez ingênuo, sorridentemente disse-lhe:
- Graças a
Deus, Doutor! – e aliviado do incômodo, repeti. – Graças a Deus!
O
oftalmologista sentindo-se inferiorizado foi curto e grosso comigo,
perguntando-me:
- Por que
cara, você me diz graças a Deus?! Graças a Deus por quê? Graças a Deus
uma pinóia! Você deve me dizer assim: Graças ao Doutor Fulano de tal e não
graças a Deus! Olhe, você me falou que fazia doze dias que estava com este corpo
estranho espetado em seu olho, e cadê que Deus desceu do céu para retirá-lo?
Que Deus que nada! Você iria cegar e Ele aqui não vinha de jeito nenhum. Quem
tirou fui eu e não Deus. Repita comigo, graças ao Doutor Fulano de Tal. – Dizia
ele ignorantemente.
Calei-me.
Não tenho
certeza quantos dias se passaram, talvez dez ou doze dias, as Emissoras de
Rádio de Mossoró anunciavam o seu falecimento. A causa. Parada cardíaca. Não
sei se foi castigo ou uma simples coincidência.
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Autor:
José
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