Por: José
Mendes Pereira
Espertos para isso não faltam. Sim senhor!
Todos os tipos
de trambicagens existem, mas fiscal de botijão de gás eu sendo sessentão,
nunca tinha ouvido falar.
Chegou e se
identificou. “-Sou fiscal de botijão de gás”. Pasta, camisa branca, gravata, de
boa pinta e um crachá.
A minha irmã,
Luzia Mendes Pereira, nascida e criada nos tabuleiros, estava diante de um
grande homem, pelo menos como trambiqueiro; acreditou nas primeiras palavras do
esperto.
- Sim senhor!
As suas ordens! Pode entrar para verificar o botijão. Não há nenhuma
irregularidade.
Assim que o
esperto encostou-se ao botijão de gás, com um isqueiro, fez chamas e tocou fogo
na mangueira do registro.
- Olhe, está
com vazamento. – Disse ele já se apoderando do talão para fazer a multa. Eu vou
fazer a multa.
- Multa? Mas
por que multa? - Admirou-se Luzia.
- O botijão
está irregular, e...
- Quanto é o
valor da multa? – Perguntou-lhe Luzia já trêmula.
- Para esse
caso é 50,00.
- 50,00 Reais?
Eu não tenho senhor!!
- Mas tem que
pagar.
Luzia visitou
a vizinhança, finalmente juntou a quantia e o entregou.
Jean Galdino,
um filho, havia acompanhado o esperto trambiqueiro, e percebeu que ele
propositalmente tocara fogo na mangueira do registro.
Paga a multa,
o esperto trambiqueiro foi-se embora, tentando ganhar mais dinheiro com essa
sua nova invenção.
Jean Galdino
não se conformara. Pôs-se a dizer à mãe que não acreditava nesse tipo de
fiscalização de botijão de gás. Rumou à delegacia, um posto policial que fica a
200 metros de sua casa.
Registrada a
queixa, saiu em companhia dos policiais à procura do esperto fiscal de gás.
Encontraram-no em um pequeno restaurante, já almoçando, e ao seu lado, uma bela
e geladinha cerveja.
Assim que
chegaram, um policial disse-lhe:
- Queremos
falar com o senhor.
O folgado para dar tempo a uma suposta escapulida,
disse-lhe:
- Deixe-me
terminar de almoçar!?
- Sim senhor!
À vontade!
Lógico que
talvez, não sei, a sua intenção era que os policiais se distraíssem, e com isso
seria fácil ele sair correndo de qualquer jeito.
Terminado o
almoço, o folgado quis mais outra chance, que os policiais o deixassem fumar um
cigarrinho...
Mas os
policiais não aceitaram, e logo o algemaram e o conduziram para a delegacia.
Lá, na peia,
informou às autoridades que queria voltar a sua terra natal, Pernambuco. Como
não tinha condições para pagar a passagem, foi obrigado a usar este tipo de
esperteza.
Três dias
depois, Jean foi retirar a queixa para liberar o esperto, pois ele não tinha
família em Mossoró, e não estava sendo alimentado.
O esperto
foi-se embora sem que pagasse o seu erro. Apenas levou boas lapadas para limpar
a alma da safadeza.
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Autor:
José
Mendes Pereira
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