Por: José
Mendes Pereira
Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano, Ferreira da Gazeta foi um dos adeptos conosco lá na Casa de Menores Mário Negócio. Ele não fazia parte do corpo discente e docente daquele estabelecimento de ensino, mas devido o parentesco com a vice-diretora, sempre estava presente; e que a mim, ensinou-me muitas notas musicais.
Conheci
Ferreira no final dos anos setenta, quando ele e eu trabalhávamos juntos na "Editora
Comercial S/A., nos dias de hoje extinta. Era uma empresa que dominava duas
emissoras: "Rádio Difusora de Mossoró" e "Rádio Difusora de
Areia Branca", sendo que esta última foi desativada, não sei, talvez por
não estar com a documentação legal; e uma rede de cinemas, "Cine Caiçara
de Mossoró", "Cine Jandaia de Mossoró" e "Cine Miramar de
Areia Branca".
José Ferreira
Filho
José Ferreira
Filho nasceu em Mossoró, no dia 15 de Agosto de 1946. Quando criança
fez de tudo para adquirir o sustento, como por exemplos: levar feiras,
malas, dar recados, vender guloseimas, bombons e outros.
Começou a trabalhar em jornal
muito jovem, e no dia 10 de Junho de 2010, havia
completado cinquenta anos no ramo gráfico. Era uma das suas paixões,
e jamais deixou de fazer um bom trabalho; tinha interesse pelo jornalismo.
Iniciou na
tipografia derretendo o chumbo para alimentar as linotipos, e
posteriormente tornou-se tipógrafo, fazendo chapas, distribuindo tipos nas
caixetas, paginando o jornal.
Na
continuidade dos seus trabalhos, foi oferecido a oportunidade de
aprender a operar as linotipos, máquinas que eram muito difíceis o seu
manejo para principiantes, mas ele sendo inteligente, logo passou a
ser um dos operadores profissionais de uma delas, e foi um grande
linotipista.
Após sua saída
do jornal "O Mossoroense" foi para a "GAZETA DO OESTE, a convite
de seu fundador, Canindé Queiroz, em 1982.
Canindé Queiroz
E no dia
30 de Abril de 1982, foi nomeado chefe das oficinas da gráfica.
Mas como ainda tinha um acordo com o jornal "O
Mossoroense", tomou posse somente no "Jornal Gazeta do Oeste" no
dia 02 de Junho de 1982. Ele foi o autor da série "Nossos
Valores". Devido ter trabalhado muitos anos na "Gazeta do
Oeste", foi alcunhado por "Ferreira da Gazeta".
No período em
que nós trabalhávamos juntos, José Ferreira já era linotipista, e eu fazia as
confecções manuais das chapas, isto é, juntando letras por letras para fazer as
composições.
Posteriormente
José Ferreira saiu da "Editora Comercial S/A.", e eu que já havia
aprendido operar a linotipo, passei a ser o linotipista da empresa, quando
fazia as composições de orçamentos de diversas prefeituras do Alto Oeste
potiguar.
Dr. Vingt-un
Rosado Maia
Além dessas,
eu fazia linotipicamente a composição dos livros da "Coleção
Mossoroense", uma Fundação criada pelo Dr. Vingt Rosado Maia, sendo que
esta dar oportunidade a diversos autores de livros, tanto a profissionais como
a principiantes.
FERREIRA - ARTISTA
José Ferreira
Filho não só foi jornalista como também foi um dos melhores seresteiros de
Mossoró e da região. Gostava de divertir o seu cativo público em diversas casas
de shows. Tanto era amante do jornalismo como também da música.
Em anos
remotos, na década de setenta, eu residia na "Casa de Menores Mário
Negócio", uma instituição que dava assistência a menores, sob o domínio do
"SAM" - Serviço de Assistência ao Menor", que foi
substituído pela "FEBEM", e José Ferreira Filho era casado com uma
senhora irmã da Vice-diretora desta instituição.
Como eu ainda
aos dezoito anos achava bonito o toque de violão, tomei emprestado o seu, para
que eu pudesse aprender algumas notas, mas por má sorte quebrei o seu amado e zeloso
violão.
Ferreira,
viúva Marlete e sua filha Milena
Os dias foram
se passando e eu com vergonha de falar para ele o que tinha acontecido com o
seu instrumento, ele me mandou um recado que eu fosse devolvê-lo. Não havia
outro jeito, contei o que tinha acontecido. Mas ele foi compreensivo e me pediu que eu mandasse consertá-lo, pois isso aconteceria com qualquer um.
Procurei um
carpinteiro de primeira categoria, e mandei consertá-lo. Dias depois eu fui
entregá-lo. Não sei se foi apenas para me agradar, mas o serviço feito pelo
carpinteiro foi elogiado por ele.
Os tempos se
passaram e perdemos por completo o contato. Anos depois eu soube que ele
estava fazendo serestas por essa Mossoró e região. Posteriormente o encontrei, e lhe fiz a seguinte pergunta:
- Ferreira,
quando você descobriu que é cantor?
Ele me
respondeu o seguinte:
- Para te
falar a verdade, nem eu mesmo sei. Comecei a me apresentar por aí, o
público tem gostado e eu continuo fazendo as minhas serestas.
José Ferreira
foi sem dúvida, um dos melhores seresteiros do Rio Grande do Norte.
José Ferreira
Filho, ou Ferreira da Gazeta, faleceu no dia 17 de Agosto de 2010, vítima de
problemas pulmonares.
PALAVRAS DO
POETA ANTONIO FRANCISCO
"Em um
momento que quase cheguei a falecer, Ferreira fez um poema pedindo a Deus para
não me levar. Hoje tenho certeza que o céu levou meu amigo por que estava
precisando de pessoas boas por lá”.
Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
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Autor:
José Mendes Pereira
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