quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Seu Pedro Leão e o seu empregado Jonas Lobato

Por: José Mendes Pereira
"Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detêm no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores".
Salmos 1 - 1

Era uma segunda-feira do mês de Setembro. Seu Pedro Leão acordou cedo. Tomou banho, vestiu o terno, apossou-se de uma caixa de charuto, foi até à cozinha, tomou um café reforçado. Ao terminar, acendeu um charuto, tomou umas belas tragadas  e partiu para sua loja, na Rua coronel Gurgel. 

Pelo o vai e vem dos transeuntes seu Pedro acreditava que iria fazer boas vendas. Muitas lojas já estavam com as suas portas abertas, aguardando as visitas dos fregueses. Raimundo Benjamim, seu Luiz da vidraçaria, seu Raul da Sapataria Vitória, Damião Queiroz, lá da Queiroz e Filhos, todos já estavam prontos para receberem as suas clientelas.

Mas ali, na loja do seu Pedro Leão faltava alguém. Era o seu único funcionário, o Jonas Lobato que fazia o papel de tudo. Era balconista, zelador, recebia e pagava mercadorias nos armazéns fornecedores. Fazia depósitos bancários etc. O jovem empregado do seu Pedro Leão era um grande polivalente. De tudo, o Jonas sabia fazer um pouco. E seu Pedro até se orgulhava do operário que ele havia assinado a sua carteira profissional, em um mês natalino.

Nesse dia, o Jonas ainda não tinha chegado à loja de ferragens. E ali, seu Pedro estava impaciente, coisa que nunca acontecera, o Jonas passar das sete horas. Geralmente às seis e quarenta, no máximo, já estava sentado ao pé da porta da loja, esperando a chegada do seu patrão. 

Seu Pedro Leão estava se sentindo incomodado. O seu operário não dava nem sinal de vivo. Teria viajado para algum lugar sem lhe comunicar? Ou havia amanhecido doente?

Deu oito horas e nada do Jonas Lobato chegar. Mas às nove horas, o telefone tocou. 


pt.wikipedia.org

Finalmente seu Pedro iria saber o que tinha acontecido com o seu operário. 

- Alô! - Fez seu Pedro. Quem fala?

- Sou eu, seu Pedro!

- Eu quem? 

- Eu seu Pedro, o Jonas Lobato.

- E porque você ainda não veio trabalhar?


blogdogemaia

- Eu estou aqui na cadeia, seu Pedro. Eu fui preso no sábado à noite. Eu estou precisando que o senhor venha me tirar da cadeia.

- E o que você fez para ser preso?

- Seu Pedro, eu não fiz nada. - Dizia o Jonas Lobato.


Tenente Clodoaldo - Fonte da foto: http://jotamaria-pcmossoro.blogspot.com.br

- Então aguarde aí um momento, que eu também não estou fazendo nada aqui na loja, vou pedir ao tenente Clodoaldo para me deixar aí também preso.

- Seu pedro, eu não estou brincando!

- Muito menos eu.

Seu Pedro queria saber qual foi o motivo que fez com que o Jonas fosse preso.

Segundo o Jonas, nada tinha feito de errado, apenas era ordem do Tenente Clodoaldo, após às duas horas da madrugada, não era mais permitido ninguém andando pelas ruas de Mossoró. Então, ordem do delegado, ondem era cumprida. 


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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Bar dos doidos

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Quando se fala no antigo "Bar dos Doidos", que funcionou por pouco tempo em Mossoró, e era localizado à Rua Coronel Gurgel, com o cruzamento da Rua Felipe Camarão, muita gente pensa que lá só tinha doidos, malucos. 

Mas na verdade não existiam pessoas doentes mentais, e que os verdadeiros donos eram seu Ovídio e seu Nosim, como era chamado, ambos eram tios do comerciante Porcino Costa, e do empresário Anibal Fernandes Porto, proprietário da Anibaltec, que funciona na Rua Lopes Trovão, centro; da Loja Balanças e Complementos, situada na Avenida Alberto Maranhão, sendo também proprietário de uma filial em Natal.

Este nome, isto é "Bar dos Doidos" surgiu porque os proprietários nunca colocaram portas, e como não fechavam nem para dormirem, a própria população nomeou de "Bar dos Doidos".

Seu Nosim e seu Ovídio eu os conheci muito. Nesse tempo, na década de setenta, eu morava na Almirante Barroso, no bairro Pereiros, e sempre, à noite, quando eu vinha do Ginásio Municipal de Mossoró, eu fazia uma paradinha para merendar.

Algumas pessoas não gostavam muito do seu Ovídio, pois alegavam que ele era um pouco ignorante. Mas a sua ignorância era devido o stress, de passar a noite toda acordado, já que o prédio não tinha nenhuma porta, e eles reversavam entre si; uma noite ficava seu Nosim  responsável pelo funcionamento do bar, a noite seguinte seu Ovídio era o responsável pelo bar.

Posteriormente, os irmãos estabeleceram o serviço de bar na Avenida Presidente Dutra, ao lado da antiga Renovadora de Pneus, onde hoje funciona um posto de gasolina.

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O atrapalhado veterinário - "Deus me livre do Zé Brasileiro na minha fazenda".

Por: José Mendes Pereira
Foto: JOSÉ MENDES PEREIRA

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Em todas as profissões existem os bons profissionais e os péssimos, e estes últimos, nunca ligam para exercer as suas funções  com responsabilidade, amor, e levam mesmo do jeito que o barco sem remo é dominado pelo vento.

Mas não vamos derrotá-los! Eles estão ocupando funções que realmente não são as suas praias. Muitas vezes os chamamos de desleixados, burros, bambos, reincidentes, mas a gente sabe o quanto é difícil se ocupar função quando não se nasceu para ela. É pior do que pirão de doente. Quanto mais ele come, mais ele ver o pirão aumentar no prato.

O Zé Brasileiro formou-se em veterinária em uma das universidades do Brasil, mas nunca teve interesse para ser um grande médico veterinário, porque havia  sido forçado  pelo pai, que já era um pequeno fazendeiro. Mas o Zé quando matriculou-se na universidade, já passava dos 22 anos de idade, e ao sair de lá, já estava com 34 anos completos.

Quando os seus amigos  falavam sobre a sua futura formatura em veterinária, ele respondia apenas com esta frase: "-Vamos mudar de assunto, gente! Este assunto, no momento não cabe aqui.".

Mas mesmo que quisesse ou não, o Zé era médico veterinário. Aquele que examina o cavalo, que faz parto na vaca, na leoa, que passa remédios para a  ovelha, para o elefante, para o cachorro...

Ciente do grande médico que acabara de receber a sua autorização para atuar como veterinário, o pai, não querendo que ele saísse para trabalhar em outras fazendas, empregou-o na sua própria propriedade. E a partir daquele dia, o Zé era o veterinário que tanto o pai desejava  

Mas o Zé não havia aprendido quase nada na universidade. Passara o tempo ali, como um inútil, desprestigiado pelos professores e alunos, que o consideravam como um relaxado, um bestalhão, um ridículo aluno, que nunca tivera o mínimo interesse de saber com quantos paus se espicham um couro de um animal. Mas como o pai havia o contratado como veterinário da sua fazenda, agora o Zé tinha que exercer a sua função, provando que era um excelente veterinário.
g1.globo.com

Assim que assumiu o posto como médico veterinário, em uma das suas primeiras consultas em algumas reses, e sem tempo de fazer exames para diagnosticar a doença, o Zé aplicou doses contrárias às doenças dos animais, fazendo com que todos tivessem mortes rápidas.

Um famoso cavalo que  o pai  tinha como o seu animal de estimação, tendo quebrado uma das patas, o Zé, em vez de engessar o membro do animal, levou-o até ao curral, e lá, fez a amputação da pata, deixando-o apenas com três patas e inutilizado.

cavalo-magro.jpg
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Um enorme galo da fazenda adquirido em feiras de animais por um exorbitante valor, os esporões não mais o deixava andar normalmente, o Zé cerrou-o, e a partir deste dia, nem mais no poleiro o galo subia.

ultimosegundo.ig.com.br

Um lindo pavão  que o fazendeiro criava desde alguns anos, enfeitando o terreiro da sua casa, o Zé resolveu cortar todas as suas penas, e  sentindo falta das suas plumas e já sem beleza corporal, ficou desgostoso, e cinco dias depois o pavão morreu de desgosto.


Certa vez, com uma só facãozada cortou o bico de uma avestruz. E quando perguntavam por que havia cortado o bico da avestruz, ele dizia que  que era para a ave engordar. Mas nem chegou a isso. Dois dias depois a avestruz faleceu de fome. Sem o bico ave nenhuma se alimenta.

marianacaltabiano.com.br

Quando adoeciam animais nas fazendas vizinhas, sempre o Cristóvão, um ajudante da fazenda dizia em tom de zombaria: 

- Chame o Zé para cuidar do seu animal. 

Mas as respostas dos fazendeiros eram dadas de imediato: 

-Deus me livre do Zé Brasileiro na minha fazenda! Deus me livre! Nossa!

O Zé Brasileiro era um verdadeiro destruidor de animais. Parece que o ódio o acompanhava de longos anos. "Deus me livre do Zé Brasileiro na minha fazenda".

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