Por: José Mendes Pereira
O
estrago que o bicho fazia na pequena fazenda do seu Geraldo era de dar dó. E
todos os proprietários já haviam se preparado para exterminar o bicho. Ninguém
sabia que bicho era, mas os fazendeiros suponhavam que era um grande e malvado
lobisomem.
Dona
Guiomar não acreditava em lobisomem, muito menos em coisas sobrenaturais.
-
Esta historinha de lobisomem não entra na minha cachola de jeito nenhum. -
Dizia ela enquanto puxava um terço.
Seu
Geraldo, esposo da dona Guiomar concordava com ela.
-
Nunca vi e nem hei de ver esse tal de lobisomem, O homem cria cada história!
Meu Deus! Se existisse lobisomem, Deus teria o feito, para não ocupar um homem
ou uma mulher e se transformar nesse idiota. Acredite quem quiser, mas eu, este
Geraldo, jamais acreditará que um ser humano possa se transformar em outro
animal.
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O
mais interessante, era que o bicho, o suposto lobisomem, só estragava as suas
criações. Nenhum fazendeiro que por ali morava, nunca amanhecera animais mortos
em seu chiqueiro.
Mas
como seu Geraldo já estava perdendo muitas ovelhas, bodes..., resolveu
contratar o Jerônimo, um homem conhecido pela sua fama de malvado,
justiceiro, e não temia a ninguém. Bastava comunicar-lhe sobre algo.
Apoderava-se da sua zelada e estimada 12, e se mandava para a empreitada.
Jamais o Jerônimo voltou sem solução. Contrato feito, caso resolvido.
Nessa
noite, o Jerônimo ocupou uma das laterais do chiqueiro, no intuito de descobrir
quem matava as criações do seu Geraldo. Escondido, vez por outra verificava o
relógio. Assim que o relógio assinalou
12 horas, mesmo pelo pouco claro lunar, o Jerônimo observava um vulto de alguém
que caminhava em direção ao chiqueiro. E ao chegar, entrou, e deu início a uma
espécie de judiação aos animais. Os bichos berravam assustados, ou talvez
sentindo dores, provocadas pelas pancadas que o suposto lobisomem lhes aplicava.
Depois
de alguns minutos, o bicho saiu e pôs-se a correr pelos terreiros da pequena
fazenda, dando terríveis berros, arrufos e outros mais.
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Mesmo
armado com a sua 12, optou não atirar, queria ver se reconhecia que animal era
aquele. E logo percebeu que se tratava de um ser humano, e estava claro que era
um lobisomem mesmo.
Como
tinha sido contratado para matar, caso fosse um lobisomem, mirou e atirou mesmo
no meio da testa. Aproximando para ver quem era, descobriu quem subtraía os
animais do seu Geraldo.
Trabalho
concluído, gritou pelo contratante. E assim que o seu Geraldo chegou, clareando
o corpo com uma lanterna, viu que o lobisomem era a sua própria filha de 20
anos de idade. Mas não houve solução. Ela já estava morta.
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Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citado a fonte e o autor.
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José Mendes Pereira
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