Cachê oferecido ofende a honra e
a história do Trio Mossoró - João Mossoró, Hermelinda e Carlos André
O telefone toca; no outro da
linha, Carlos André. Antes do boa-tarde do colunista, o cantor e compositor
desabafa: “Estou indignado”.
Em seguida, conta: a Prefeitura,
via Secretaria de Cultura, fez contato para convidar o Trio Mossoró para se
apresentar no Cidade Junina, onde seria prestada uma “homenagem” ao grupo, com
um cachê de 400 reais.
Como é? Ele repetiu: “400 reais”,
para classificar o convite, com a sinceridade cristalina que lhe é peculiar, de
“proposta indecorosa”. E, de fato, o é. Sob o ponto de vista financeiro e
artístico.
Ora, 400 reais é o cachê de cada
músico que acompanha o trio. E somadas as despesas de passagens aéreas (dois
moram no Rio de Janeiro e Carlos André em Recife), eles teriam de pagar do
bolso para se apresentar no Cidade Junina.
Que homenagem, hein!!! Fala
sério.
Trata-se de profundo desrespeito
a uma das maiores expressões da história cultural da cidade, com mais de meio
século divulgando Mossoró em todo o País, através da música de raiz.
Provavelmente, a atual gestão
municipal não tem a exata dimensão da agressão feita ao Trio Mossoró. Ou, no
mínimo, não conhece a sua história.
A coluna vai ajudar, contando um
pouco da arte musical dos irmãos João Batista (João Mossoró), Hermelinda (Ana
Paula) e Carlos André (Oséas Lopes), para, quem sabe, uma homenagem de verdade
possa ser feita.
O Trio Mossoró começou em 1956,
quando Oséas recebeu convite para cantar com os irmãos na Rádio Tapuyo, hoje
pertencente à Rede Potiguar de Comunicação (RPC).
Três anos depois, em 1959, Oséas
levou o seu talento para o Rio de Janeiro e começou a atuar no rádio, para em
seguida chamar os dois irmãos. Foi lá que eles ganharam os nomes artísticos
João Mossoró, Hermelinda e Carlos André e a projeção nacional.
A família talentosa ainda tinha o
seresteiro Cocota, que antes de se juntar ao trio na capital carioca, foi
assassinado na noite mossoroense.
Em 1962, apadrinhado por nada
menos do que João do Vale, o Trio Mossoró gravou o primeiro disco, chamado “Rua
do Namoro”, abrindo sequência para gravar mais 11 LPs de um total de 34
listados por Carlos André, que também construiu carreira solo.
Esse breve histórico, por si só,
já deveria envergonhar os representantes da gestão municipal que agrediram o
Trio Mossoró. Ou, numa reação de humildade, admitir o erro e procurar conhecer
os verdadeiros personagens da cultura mossoroense.
Certamente, os alto-falantes da
Secretaria de Cultura não tocam “Canto de Outrora”, de Antônio Barros, que
ganhou vida na voz dos três irmãos. Muito menos a “Praça dos Seresteiros”,
grande sucesso feito pelo Trio Mossoró para homenagear Cocota, que agora está
no céu.
Francamente…
ADENDO: http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
PARA A CULTURA
MOSSOROENSE SOBREVIVER ESTÁ MUITO DIFÍCIL
NOTA À SOCIEDADE E À IMPRENSA
A Diretoria da Fundação Vingt-un
Rosado, instituição que mantém a Coleção Mossoroense, diante das condições de
extrema dificuldade de funcionamento e falta de apoio a esta entidade cultural
nos últimos tempos, vem por meio desta, informar a sociedade mossoroense em
geral, em especial ao meio literário do Rio Grande do Norte, que em reunião no
dia 19 de maio de 2015 resolveu:
1 - Suspender as atividades da
Fundação Vingt-un Rosado por tempo indeterminado;
2 - Dispensar seus funcionários;
3 - Consultar a Biblioteca
Municipal Ney Pontes Duarte e outros locais sobre a possibilidade de guarda do
acervo particular de Vingt-un Rosado;
4 - Visita ao Museu do Sertão
onde se encontra cerca de 90% dos exemplares da Coleção Mossoroense para
verificar a situação atual do acervo;
5 - Venda dos equipamentos que
compõem a sua gráfica para custear algumas das dívidas existentes.
Mossoró - RN, 20 de maio de 2015.
Jerônimo Dix-sept Rosado Maia
Sobrinho
Diretor Executivo da Fundação Vingt-un Rosado.
Fonte: facebook
http://www.canalareiabranca.com.br/2015/05/cache-de-400-reais-agride-historia-do.html
Fonte: Blog do Cesar Santos
Veja no Jornal O Mossoroense de
hoje:
FUNDAÇÃO VINGT-UN ROSADO ANUNCIA
SUSPENSÃO DE TODAS AS SUAS ATIVIDADES POR TEMPO INDETERMINADO.
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