Outro dia eu
disse a alguém que, Mossoró quando não pode construir, ela destrói. Mas a
pessoa não gostou da minha sinceridade, e findou me dizendo que: "o que é velho
tem mesmo que ser destruído". Eu falava em relação aos prédios que deveriam
ainda existir, como por exemplo: Pavilhão Vitória, no centro da cidade, e que foi destruído sem precisão. O certo é que todos os prédios que foram derrubados em Mossoró, contavam uma história, um passado sobre os nossos antepassados.
Pavilhão Vitória - Mossoró - www.azougue.org
Pavilhão Vitória - Mossoró - www.azougue.org - Ano: 1950
Fonte: blogdogemaia.com
Pavilhão Vitória - Mossoró - www.azougue.org - Ano: 1950
Fonte: blogdogemaia.com
Mossoró já
teve várias fábricas de diversos produtos, mas infelizmente tudo isso
desapareceu da noite para o dia, sem que ninguém do poder público, tivesse
interesse de preservar a história de Mossoró, a amada terra dos índios
Monxorós.
Leia o que
escreveu o jornalista e historiador Geraldo Maia do Nascimento, sobre as
fábricas de óleo de caroço de algodão e oiticica, que já existiram em Mossoró:
Fogo morto
Todos os dias,
a caminho do trabalho, sigo pela Av. Alberto Maranhão, no trecho que corta o
bairro Alto da Conceição. E ao passar nas imediações do velho mercado público,
sempre olho para uma chaminé defunta, de fogo morto, que desafia bravamente os
anos com sua opulência, como uma torre medieval. De sua boca não brota mais
fumaça, símbolo de desenvolvimento e progresso, pois essa chaminé é tudo que
ainda resta de uma indústria falida, de paredes destruídas, cujas lembranças a
poeira do tempo cobriu.
Por
curiosidade, passamos a pesquisar sobre a fábrica que ali existiu. Mas,
infelizmente, muito pouco conseguimos saber sobre ela. Apenas que era de
beneficiamento de óleo de caroço de algodão e que pertencia a Antônio Freire
Néo. Seu Antônio Néo, como era mais conhecido, tinha sócios nessa firma, que
eram José Fernandes de Souza, o Deca Fernandes, e o Leotônio Ferreira Néo. Isso
foi tudo que conseguimos saber sobre a fábrica.
Essa velha
torre, guardiã do passado, nos faz voltar ao tempo, numa época em que Mossoró
viveu o seu apogeu comercial e industrial. Era uma época em que o meio de
transporte mais comum eram os comboios de animais, tangidos por tropeiros, que
aqui chegavam carregados de algodão e outros produtos para serem
beneficiados em Mossoró. Era o auge da agroindústria algodoeira, fábricas de
óleo de caroço de algodão, óleo de oiticica, beneficiamento de cera de
carnaúba, algodão e agave. O beneficiamento desses produtos,
associado à extração de sal, é que deu a Mossoró uma feição de centro
industrial.
Várias
indústrias existiram ao longo da Av. Alberto Maranhão, como a de seu Néo. A
firma S/A Mercantil Tertuliano Fernandes, fabricante do Óleo Pleno Refinado,
produto extraído de caroço de algodão, ocupava uma vasta área na rua Frei
Miguelinho, limitando-se com a Alberto Maranhão e a rua Rui Barbosa. Mais
adiante, ainda na Alberto Maranhão, onde hoje funciona um escritório da
Telemar, existia a Companhia Industrial e Comercial de Óleo S/A. Essa empresa
funcionou até 1972. Outra empresa existente na mesma rua, do mesmo ramo de
exploração, era a Brasil Oiticica, que ficava em frente ao chamado Largo do
Jumbo, pertencente a um grupo estrangeiro. Essa empresa, posteriormente, passou
a ser a Alfredo Fernandes Sementes Oleagenosas, cujas ruínas existiram até
pouco tempo, inclusive a chaminé, que só recentemente foi demolida para dar
lugar a um moderno edifício. Essas indústrias citadas ajudaram a marcar o
pioneirismo do desenvolvimento industrial, impulsionando o mercado comercial de
Mossoró e região.
Hoje pouco
resta dessas fábricas que tão útil foram para Mossoró. Só a velha chaminé da
fábrica de óleo de seu Néo, que teima em permanecer em pé, como se aguardasse
que alguém, algum dia, viesse escrever a sua história, pois como diriam os
sábios, “verba volant, scripta manent”, ou seja, as palavras voam, os escritos
permanecem.
http://www2.uol.com.br/omossoroense/241203/nhistoria.htm
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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