sexta-feira, 7 de junho de 2013

O GOLPE DO BOTIJÃO DE GÁS

Por: José Mendes Pereira
 

Espertos para isso não faltam. Sim senhor!


Todos os tipos de trambicagens existem, mas fiscal de botijão de gás eu sendo sessentão, nunca tinha ouvido falar.

Chegou e se identificou. “-Sou fiscal de botijão de gás”. Pasta, camisa branca, gravata, de boa pinta e um crachá.

A minha irmã, Luzia Mendes Pereira, nascida e criada nos tabuleiros, estava diante de um grande homem, pelo menos como trambiqueiro; acreditou nas primeiras palavras do esperto.

- Sim senhor! As suas ordens! Pode entrar para verificar o botijão. Não há nenhuma irregularidade.

Assim que o esperto encostou-se ao botijão de gás, com um isqueiro, fez chamas e tocou fogo na mangueira do registro.

- Olhe, está com vazamento. – Disse ele já se apoderando do talão para fazer a multa. Eu vou fazer a multa.

- Multa? Mas por que multa? - Admirou-se Luzia.

- O botijão está irregular, e...

- Quanto é o valor da multa? – Perguntou-lhe Luzia já trêmula. 

- Para esse caso é 50,00.

- 50,00 Reais? Eu não tenho senhor!!

- Mas tem que pagar.

Luzia visitou a vizinhança, finalmente juntou a quantia e o entregou.

Jean Galdino, um filho, havia acompanhado o esperto trambiqueiro, e percebeu que ele propositalmente tocara fogo na mangueira do registro.

Paga a multa, o esperto trambiqueiro foi-se embora, tentando ganhar mais dinheiro com essa sua nova invenção.

Jean Galdino não se conformara. Pôs-se a dizer à mãe que não acreditava nesse tipo de fiscalização de botijão de gás. Rumou à delegacia, um posto policial que fica a 200 metros de sua casa.


Registrada a queixa, saiu em companhia dos policiais à procura do esperto fiscal de gás. Encontraram-no em um pequeno restaurante, já almoçando, e ao seu lado, uma bela e geladinha cerveja.

Assim que chegaram, um policial disse-lhe:

- Queremos falar com o senhor.

O folgado para dar tempo a uma suposta escapulida, disse-lhe:

- Deixe-me terminar de almoçar!?

- Sim senhor! À vontade!

Lógico que talvez, não sei, a sua intenção era que os policiais se distraíssem, e com isso seria fácil ele sair correndo de qualquer jeito.

Terminado o almoço, o folgado quis mais outra chance, que os policiais o deixassem fumar um cigarrinho...
Mas os policiais não aceitaram, e logo o algemaram e o conduziram para a delegacia.


Lá, na peia, informou às autoridades que queria voltar a sua terra natal, Pernambuco. Como não tinha condições para pagar a passagem, foi obrigado a usar este tipo de esperteza.

Três dias depois, Jean foi retirar a queixa para liberar o esperto, pois ele não tinha família em Mossoró, e não estava sendo alimentado.

O esperto foi-se embora sem que pagasse o seu erro. Apenas levou boas lapadas para limpar a alma da safadeza. 


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Fonte:

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 http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/09/o-golpe-do-botijao-de-gas.html

Autor:

José Mendes Pereira

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