quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Bar e forró da Paulistinha - Cuidado o Ibama!

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Dona Dolores. Só. Não tenho conhecimento do seu verdadeiro nome. Era uma senhora magra, sem beleza física, bastante morena, no bom sentido, negra e de branco somente os dentes quando sorria. Cabelos enroscadinhos.  Mas era uma pessoa muito humana, que gostava de ajudar as pessoas carentes. Menos bebidas e entrada para o seu forró. Só bebia e só dançava se pagasse adiantado.

Ela afirmava que era paulista de corpo e alma. Mas outros diziam que a dona Dolores não sabia nem para qual lado ficava São Paulo. E havia nascido em terras mossoroenses. Se era ou não paulista, fundou um bar com o nome de fantasia "Bar da Paulistinha", e posteriormente  um famoso forró no grande Alto de São Manoel, e por lá, vivia sem muitas dificuldades, comprando e pagando os seus estoques de bebidas que sustentavam o forró nos finais de semana. Era famoso o seu forró. Aos sábados, o ambiente ficava lotado de dançadores e dançadoras.

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João Caio apesar de ser perseguido pela mulherada devido ser um grande dançador de forró, era solteirão, e vivia de consertar automóveis. Sendo muito econômico, não fumava e nem bebia, trabalhava a semana inteira, e aos sábados, sem exceção, encontrava-se no forró da dona Dolores para gastar o que havia ganhado no seu ofício de mecânico.

João Caio recebera lá da Paraíba uma notícia que o seu pai havia falecido. Arrumou-se, pegou o ônibus e foi participar do velório do seu genitor. E durante os dias que lá ficou, e ao retornar, chegou totalmente sem dinheiro. Mas o falecimento do seu pai não o fez desistir de ir ao forró da dona Dolores, porque era viciadíssimo. Mesmo liso, saiu de casa na certeza que a dona Dolores o deixaria entrar para o forró, e pagaria as despesas feitas por ele na semana entrante.

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Ao chegar, o forró já havia iniciado. Falou com o porteiro que o deixasse entrar, na semana seguinte pagaria o atrasado.  Mas o porteiro alegou que não era o dono do forró, isso só com ordem da dona Dolores.

Sem chance de entrar, pediu que ele a chamasse, pois tinha certeza que ela o deixaria entrar, já que era um freguês desde a primeira noite que o forró surgira.

Assim que a dona Dolores chegou à entrada do salão João Caio repassou para ela que estava sem dinheiro, porque o seu pai havia falecido, e foi necessário ele fazer uma viagem até a Paraíba para assistir o sepultamento dele. Como havia chegado naquele dia, não fizera serviços de mecânicas. Por isso estava sem dinheiro, e queria entrar para dançar. 

Mas a dona Dolores foi curta e sincera, afirmando-lhe que não aceitava de jeito nenhum, ninguém entrar em seu forró sem pagar. 

João Caio tentou novamente convencê-la para liberar a sua entrada. Mas ela usou as mesmas palavras.

Sem chance de participar do forró, João Caio disse-lhe:

- Quer dizer que a senhora não vai me deixar entrar para o forró esta noite, não é?

- É isso mesmo o que o senhor ouviu da minha boca. Não deixo ninguém entrar no meu forró sem pagar.

- A senhora tem razão - dizia João Caio - o forró é seu. Mas amanhã logo cedo eu vou até ao  Ibama, e vou dizer lá que tome as necessárias providências, porque aqui neste forró tem uma macaca solta.

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A macaca que João Caio se referia era a dona Dolores, por ser magra, feia e mal arrumada, aparentava uma macaca.

Depois disso, o João Caio nunca mais colocou os seus pés no forró da dona Dolores.

Como o João dançava muito, tinha momento que os dançadores não caiam na dança, ficavam olhando o remelexo do homem com a sua parceira.

Com a ausência do dançador e a mulherada gostava de cair na dança agarrada a ele, o forró foi fracassando, chegou ao ponto de fechar as suas portas.

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Autor:
José Mendes Pereira

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