quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Almocei com o governador do Rio Grande do Norte e com três ex-governadores, sem ter sido convidado antes

Por José Mendes Pereira

Antes de 1988, para que uma pessoa entrasse como funcionário de qualquer repartição pública, não era necessário ser concursado, bastava ter um "QI - quem indique", ou diretamente com um político, que já estava dentro de uma repartição pública. Era o emprego chamado de "Trem da Alegria", porque todos que ocupavam funções públicas morriam de felicidades, vez que não queimavam os olhos por longas noites estudando, para serem aprovados em concursos públicos.

Em 1983, eu já era formado em letras pela Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte, nos dias de hoje, UERN, e não sendo diferente dos outros, eu precisava ocupar uma sala de aula pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte,  como professor, e nesse período, eu ainda não tinha um (QI) ou amizade com um político, que me desse uma vaga em qualquer escola de Mossoró.

Delfina R. de Souza, ver.1963-1967. com o ex-governador Tarcísio Maia - obaudemacau.com  

Ciente de que se eu não procurasse um meio para entrar na educação, e sabendo que um dos homens fortes na política do Rio Grande do Norte, Doutor Tarcísio Maia, e que já tinha sido  governador do Estado, domingo sim, domingo não ele estava descansando em sua fazenda, denominada "São João", na localidade Barrinha, peguei minha velha e desmoronada lambreta,

Seu Madruga em sua lambreta - José Mendes Pereira 

e abalei-me até lá, confiante que uma solução sobre um emprego, poderia ser confirmada por ele, e naquele momento, quem dirigia o Estado como governador, era o seu filho, José Agripino Maia, que fora eleito através das urnas, e com uma grande maioria de votos válidos.

 Ex-governador do Rio Grande do Norte - José Agripino Maia

Ao chegar, vi que ali eu não iria ter chance nenhuma de falar com ele, porque sob o alpendre da fazenda, uma porção  de pessoas também procurava emprego, mas mesmo assim, resolvi ficar, para ver o que iria acontecer.


Doutor Antonio Mariz - www.wscom.com.br

Mas lá se encontrava o Dr. Antonio Mariz, que eu não tenho certeza se era irmão ou primo do Dr. Tarcísio Maia, e que havia sido governador da Paraíba, chamou-me para ajudá-lo tirar uma carroça que estava atrapalhando a entrada para a casa da fazenda. Mesmo ele sendo ilustre, equilibrou o peso comigo, e em seguida convidou-me para olhar um plantio de capim. No percurso ele me perguntou de quem eu era filho, onde eu morava, onde os meus pais moravam, e ali eu fiquei respondendo todas, e quando eu disse que os meus pais moravam na Barrinha, ele disse: 

- Você mora aqui na Barrinha?

-  Meus pais moram na Barrinha, mas sendo esta da família Duarte. - Eu o respondi. 

Ele fez: 

- Ah, sim, Barrinha do Dr. Duarte Filho, não é?

Só sei que a partir disto, fui bem tratado. Pelo o que eu vi, o Dr. Antonio Mariz gostava de músicas eruditas. Foi até a radiola, colocou um disco, e lá ficou ouvindo aquelas músicas choca, que para ele, sem dúvida, eram as melhores.

Ex-governador do Rio Grande do Norte  Lavoisier Maia - salomaodemedeiros.blogspot.com

Nesse dia, além das pessoas que procuravam empregos, tinha vários políticos na fazenda, sendo eles: Lavoisier Maia, que pouco menos de três meses entregara o poder ao governador eleito, o  José Agripino Maia, filho de Tarcísio Maia.

Canindé Queiroz - Jornalista - www.kareninefernandes.com

Mais o jornalista Canindé Queiroz, que além de colunista, é também diretor e proprietário do jornal "Gazeta do Oeste", com sede na cidade de Mossoró, e da Rádio Gazeta do Oeste, que funciona em Areia Branca.



E ainda o  Jornalista Erivan França, que fora secretário da comissão do Vale do São Francisco, chefe do gabinete do Instituto Nacional do Sal e autor do primeiro Plano de Assistência Social aos trabalhadores das salinas, e em 1961, foi Deputado Federal, tendo o mandato cassado em janeiro de 1969. Em 1961, foi interventor do Departamento Estadual de Imprensa no Governo Aluízio Alves. Dentre as múltiplas funções de homem público que lutou em prol do progresso e da democratização do país e do Rio Grande do Norte, ajudou a organizar o Diretório Regional do PDT em 1980 e foi agraciado com o mérito profissional pela Associação Brasileira de Imprensa e medalha de mérito forense por relevantes serviços prestados à justiça do país. (http://erivanfranca789.blogspot.com.br).

 Ex-governador do Rio Grande do Norte José Agripino Maia - noticias.r7.com

Mas ali, naquele momento, o mais importante mesmo, era o governador do Rio Grande Norte, o José Agripino Maia, que  sabia o que deveria fazer, contratar ou não, funcionários durante os seus quatro anos  de governo. E além destes, muitos outros políticos que eu não sabia os seus nomes.

Todos estavam participando de uma reunião política na própria fazenda São João, e assim que terminou, Dr. Tarcísio Maia deu início atendendo as solicitações dos que procuravam empregos. 

A minha ficha era o número 8, mas quando estava próximo à minha vez, de falar com ele, afastei-me, no intuito de ficar por último, porque quem não estivesse presente, ficaria por último. E assim idealizei de perder a chamada e ser o último.

Logo que ele terminou de falar com o penúltimo, aí, sim, eu entrei. Dr. Tarcísio me fez várias perguntas, qual o curso eu tinha terminado, se eu era mossoroense, qual escola eu gostaria de trabalhar, caso surgisse um vaga, se eu já tinha entregue o meu currículo lá no Nure, à diretora Zilda Cabral... Fez-me uma porção de perguntas, eu ficando de levar o currículo e entregar nas mãos da diretora. 

Naquele momento, não tinha mais ninguém, os desempregados já haviam ido embora. Mar  assim que eu saí da sua sala, fui de encontro à lambreta, para vir embora. Ao ver que eu estava montando-me na lambreta, ele gritou:

- José, para onde vai?

- Eu vou embora, Dr. Tarcísio. - Respondi.

- Não vá embora. Vamos almoçar conosco. - Dizia ele caminhando em minha direção.

- Quem sou eu Dr., para almoçar diante de tanta gente importante?

- Conversa rapaz, vamos logo! Desça do transportinho e caminhe lá para sala. O almoço já vai sair.

Mesmo acanhado, desci da lambreta e caminhei em direção à sala, que sobre a mesa, tinha alimentos que, em toda minha vida, eu jamais tinha os  vistos. E aos poucos, os políticos foram rodeando a mesa, e deram início ao almoço. A princípio, eu estava muito acanhado. Mas com a continuação do almoço, desisti do acanhamento, porque todos almoçavam no meio de tantos assuntos políticos.

Minhas Simples Histórias 

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Fonte: 

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