sábado, 31 de agosto de 2013

Seu Galdino e a onça preta

Por: José Mendes Pereira

O sol escaldante já pendia para o Oeste, e as árvores frágeis escondiam as poucas ramas verdejantes. O mês era Outubro, e seu Galdino procurava mel pelas matas ralas nos tabuleiros. As flores das aroeiras prometiam fartas néctares para as abelhas encherem de mel as suas colmeias.

Seu Leodoro Gusmão campeava uma das suas novilhas em dia de parir, e ali, os compadres encontraram-se em meio à caatinga.

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Em uma conversa e outra relataram os tempos em que eram crianças, os banhos nos rios, o apanha peixes nos timbós, o deslizar nas escorregadas barreiras do rio, as noites enluaradas apreciando os violeiros convidados pelos pais, e outros e outros divertimentos foram expostos à conversa.

Mas não podia faltar naquele papo entre compadres, as vivências depois de crescidos, e a mais inesperada fase adulta, quando de súbito, seu Galdino relembrou uma de suas aventuras nos cabeços das terras da Fazenda Barrinha Duarte, procurando mel de jandaíra.

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Seu Leodoro ali estava presente para ouvir as façanhas do seu compadre. Apenas escorado ao cavalo, com um dos braços apoiando-o sobre a sela. E sem se demorar, seu Galdino sentou-se sobre uma pedra, e deu  início a uma das suas  aventuras.

- Eu me considero um homem de sorte, compadre Leodoro.

- Sim senhor – fez seu Leodoro pigarreando.

- Certa vez eu precisava melar, e saí cedo de casa. Deixei a Dionísia com a barriga pela boca. Mas neste período em que eu me ausentei de casa para melar, eu estava atravessando uma das piores crises. Mas, ou eu me viraria procurando mel para vender e comprar os nossos alimentos, ou do contrário iríamos passar fome, juntos. Como não tinha outro jeito, mandei-me para as matas,  ver se eu encontrava uma gorda abelha jandaíra.

- Sim senhor – repetiu seu Leodoro acendendo um cigarro que havia fabricado naquele momento..

- E saí sem destino - dizia seu Galdino, caindo nos fundos da propriedade do senhor Aldemar Duarte Leite, homem que nunca me negou a cortar uma das suas umburanas que tivesse abelhas situadas. 
Foto: ALDEMAR DUARTE LEITE

Era sobrinho de Manoel Duarte Ferreira, o homem que no dia 13 de Junho de 1927, na tentativa da invasão à Mossoró, feita por Virgulino Ferreira da Silva - - o  Lampião, assassinou o cangaceiro Colchete e baleou o pernambucano José Leite de Santana - o Jararaca.

Teve como irmãos: Armando, Artur, Arisser, Albaniza e Adalta, todos já falecidos.

Aldemar Duarte era proprietário de terras e ex-combatente da Guerra da Alenmana nos anos 40, do século passado.

Era pai  do escritor David de Medeiros Leite. Além deste, Artur, Aldemar, Mailda, Valdete, Ilka entre outros.

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Foto gentilmente cedida pelo seu filho Artur Leite
Aldemar Duarte Leite - foto gentilmente cedida pelo seu filho Artur Leite

Não só ele - continuava seu Galdino - como também a sua generosa esposa, mulher que não fazia cara feia por certas coisas, e até me franqueava: "- pode entrar na nossa propriedade seu Galdino, e tire a abelha que o senhor quiser. 


Foto
Dona Hilda - foto gentilmente cedida pelo seu filho Artur Leite

A dona Hilda sempre foi e continua sendo uma senhora de bom coração..., continuava seu Galdino, pois sim, lá próxima à cerca que separa as divisas das terras de Aldemar Duarte com a Favela, encontrei uma enorme 

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umburana, e  notei que ela hospedava uma jandaíra, e que ao ver a enorme árvore, imaginei que ali teria de 100 a 150 litros de mel.

- Nossa! Isso tudo, compadre Galdino?

- Não poderia ser menos compadre, porque a umburana tinha aproximadamente um metro e vinte de diâmetro. Mas ali eu fiquei olhando a árvore de cima abaixo. Não tive coragem de estragá-la com o meu amolado machado, porque ela me parecia ser uma árvore milenar..., e a sua beleza, fazia qualquer ser humano desistir de cortá-la. Mas não ficou por aí, compadre – dizia ele procurando apoio sobre a pedra - quando eu estava rodeando a árvore, isto é examinando-a, procurando o melhor lado, caso eu resolvesse cortá-la, de súbito me apareceu uma onça preta, com aquele olhar de malvada...

 
  
Sem eu menos esperar, ela me atacou, e fui obrigado passar uns dez minutos correndo ao redor da umburana, no sentido horário.

- E como se sentia com esta correria toda, segundo me diz o senhor? - perguntou-lhe seu Leodoro.

- Compadre, eu já me sentia frágil, vendo a hora ser pego pela danada..., mas eu estava correndo, obrigado por ela, porque eu não queria morrer sangrado pelas suas patas. Eu na frente e ela atrás de mim com toda velocidade. Quando ela percebeu que eu  já estava cansado, resolveu voltar, isto é no sentido anti-horário, e nisso ela perdeu tempo. Foi aí que eu consegui fugi e me mandei em busca de outra umburana próxima. Mas devido ser uma boa corredora, logo me alcançou.

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- E o que ela fez quando ela lhe alcançou?

- Eu já estava quase debaixo da outra umburana. E com um grande salto, felizmente alcancei um galho, pendurando-me. Assim que o agarrei compadre, infelizmente rebentou, fazendo-me despencar sobre a onça. Mas como ela estava em pé, olhando para cima, imaginando como iria me capturar, ficou de boca aberta, e não levando sorte, assim que o galho se partiu, caiu atravessado em sua boca, arrebentando todos os seus dentes. Eu não sofri quase nada porque todo o meu corpo foi amortecido sobre a onça. 

- Nossa! -lamentou seu Leodoro.

- Ao sentir a pancada do galho em sua boca, saiu correndo numa alarida desgraçada, e até me parece que o sangue já estava cobrindo todo o seu focinho. 

- Meu Deus, compadre...! Coitada da onça!

- Coitada da onça uma sericoia! O senhor deveria dizer assim: Coitado do meu compadre Galdino!

- É mesmo, compadre. É mesmo.

- Cinco dias depois eu voltei a este local, e a encontrei magra, desanimada, que me parece que ela não tinha mais comido nada.

- É, compadre, sem dentes ela não tinha condições de caçar. E o que o senhor fez para protegê-la?

- O que eu fiz foi limpar o local que ela estava deitada. Depois fui a um riacho que corria perto de lá, enchi o meu chapel com água, e deixei ao seu lado. Ela olhava para mim como se quisesse me dizer: "-Seu Galdino, naquele dia eu não estava querendo te devorar. Eu estava apenas tentando ver se o senhor era bom corredor".

- É, compadre, vamos embora. Eu morro de medo de onça preta...

Ali se despediram. Cada um tomou seu rumo.

Seu Galdino saiu em direção oposta, dizendo: "-Você tem medo de onça e eu nem tenho medo da Gertrudes".

Seu Leodoro saiu resmungando das mentiras do compadre Galdino.


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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Naquelas décadas de sessenta e início dos anos setenta não era tão fácil para se comprar objetos quando se desejava, como instrumentos musicais, bicicletas..., devido à malvada inflação que não dava chance a ninguém, principalmente para quem não trabalhava, assim como nós, que vivíamos ali naquela instituição sem a mínima preocupação, exceto o estudo, passávamos o dia inteiro sem fazer nada, e à noite nós desmanchávamos o que não tínhamos feito durante o dia. 

O governo Estadual mais malandro ainda, que sustentava uma porção de gente preguiçosa, desocupada e ainda tinha muitos que reclamavam da boa vida que levavam.

Eu havia me esquecido daquela noite em que saímos da Casa de Menores, “as escondidas” apenas com autorização do monitor, para fazermos uma serenata no bairro Boa Vista, não me recordo bem a Rua, mas era na casa de uma das suas namoradas.

trilhasdeluz.blogspot.com

Naquele tempo quem delegava Mossoró era o carrasco Tenente Clodoaldo, digo carrasco porque ele mantinha a cidade com autoridade, não dava chance a certos bagunceiros, malandros que tentavam tirar a tranquilidade da população. Querendo colocar ordem na cidade, distribuía rondas pelos bairros de Mossoró, na intenção de proteger toda população.

Nessa noite fomos surpreendidos pela ronda noturna do então tenente, e que por sorte, não fomos obrigados pelos policiais para voltarmos às pressas para casa. As ordens do tenente Clodoaldo eram para serem cumpridas.

Foto do Tenente Clodoaldo -1987 - www.azougue.org

Quando você percebeu que a ronda se dirigia à nossa direção, de pressa colocou o violão em um tonel que estava em uma calçada. Mas você não tinha a mínima ideia o que teria dentro daquele tonel.

Ali, ficamos fingindo que estávamos conversando, e a ronda passou vagarosamente nos observando, mas felizmente ela não disse nenhuma palavra, acelerou o jeep e tomou rumo para outras ruas.

acordesdeviolao.com.br

Após os nossos disfarces, foi retirado o violão de dentro do tonel. Mas por pouca sorte, você havia o mergulhado  em uma porção de água de cal virgem, que com certeza havia sido preparada para ser usada no dia seguinte por pintores.   

No dia seguinte, o violão que era bom de som, amanheceu todo descolado e empenadíssimo. Mas o único culpado e prejudicado foi você, que ficou sem o seu estimado pinho.

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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pedro Nél Pereira - um homem que tinha consideração às pessoas

Por: José Mendes Pereira

Pedro Nél Pereira nasceu na Barrinha, município bem próximo de Mossoró, no dia 17 de Abril de 1922, e aqui faleceu no dia 10 de Maio de 2011. Quem o conheceu sabe bem que em toda sua vida não adquiriu inimigos. Tinha grande consideração aos que lhe rodeavam.

Era um homem que muito soube respeitar as pessoas, e nunca abriu a boca para desmoralizar ou desejar o mal a ninguém. Viveu fazendo amizades, sem distinguir quem e a quem.

Vi muitas vezes este homem tirar criações do seu chiqueiro para ajudar quem precisava comprar um ranchinho. Tinha um prazer em servir aos que por uma razão qualquer, não tiveram a mesma sorte.

Vi muitas vezes alguém chegar lá em casa, pedindo-lhe uma ou mais carnaúbas da sua pequena propriedade, para poder cobrir um ranchinho que tinha feito. E nunca vi um deles sair sem o que lhe solicitava.

Não tinha recursos, apenas boa vontade de ajudar aos necessitados. Sempre que arranjava terras para plantio, não queria terça, dizia ao agricultor que fizesse o plantio, e quando colhesse,  levasse tudo para alimentar os seus filhos.

Muitas vezes emprestava objetos, ou até mesmo um pouquinho de dinheiro, e geralmente alguém lhe dizia que ele não iria receber de volta. Apenas sorria e dizia: "-Se ele não me devolver é porque está necessitando mais do que eu. Deus me dará mais".

Jamais negou qualquer objeto emprestado, e se o sujeito não fosse lhe devolver, por lá mesmo se acabava, e ele nunca mais falava naquele objeto.

Quem o conheceu sabe muito bem o que meu pai fazia pelas pessoas sem distinção. Pedro Nél Pereira não tinha ambição por bens materiais. Viveu para a construção de amizades.

Jamais lhe faltou a paciência sobre qualquer coisa. Se fosse boa, ficava feliz e agradecia a Deus, mas se não fosse boa, do mesmo jeito o agradecia.

Herculana Maria da Conceição - mãe de Pedro Nél Pereira

Tinha um amor exagerado pela sua mãe Herculana Maria da Conceição (Mãenanana ou mamãenana, Mananana ou ainda Nanana), como nós netos a chamávamos. 

Quando fazia feiras para sua casa, a primeira residência que ele passava para deixar algo, era a  da sua mãe. Não fazia compras só para si, tinha que repartir com a Mãenanana.

Muita vezes comprou objetos sem precisar, apenas para ajudar quem necessitava de dinheiro, para fazer compras de cereais para alimentar seus filhos.

Quando desapareciam animais do seu chiqueiro e alguém lhe dizia quem teria lhe roubado, simplesmente dizia: "- Deixa pra lá. Deus me dará em dobro". E assim levou a vida inteira suportando o bom e o ruim, sem querer prejudicar ninguém.

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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Tiro de Guerra de Mossoró - Parte II

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Sobre o Tiro de Guerra de Mossoró temos muitas coisas a relatarmos, e uma delas, os antigos e surrados fardamentos que nós recebíamos no TG. 


www.compararprecos.cc

Naquele tempo, nenhum de nós teve o prazer de vestir fardas inteiramente novas, todas já tinham sido usadas pelas tropas de Natal, sujas, imundas, e muitas delas, além de rasgadas, eram necessária uma costureira repará-las, remendando-as aqui e ali, porque já eram bastante surradas, e até a cor verde de muitas, já havia desaparecido. 

Você sabe muito bem que quando chegavam os uniformes para nós atiradores, eram todos jogados no chão da quadra, para que cada um escolhesse o que mais se aproximava da sua medida.


harrydarkcoturno.blogspot.com

E os coturnos lembram? Eram necessária a participação de um sapateiro profissional, para que ele colocasse pregos nos solados, do contrário andávamos sem segurança, pois se não fossem consertados, estávamos sujeitos a perdermos os solados dos coturnos em uma marcha.

Mas nós sabíamos que os sargentos não tinham culpa deste desprezo aos atiradores. Os patenteados tinham vontade de verem os seus comandados com fardamentos, coturnos, cintos de guarnição, cantis... novos. Mas infelizmente eles nunca realizaram os seus desejos, porque o governo federal não tinha o mínimo interesse de organizar o exército brasileiro. 

Certo dia, em uma das machas que fizemos para Governador Dix-sept Rosado, eu fui um dos que mais sofreu causado por um prego cravando o meu calcanhar esquerdo. Devido a estrada ter sido feita com piçarra, quando eu pisava em uma pedra, o  prego ficava  furando o meu calcanhar.

Chamei o sargento Moura e lhe disse que eu não tinha condições de continuar a marcha, que eu deveria ir no jeep (este nos seguia atrás para um possível socorro), alegando-lhe que um prego no coturno estava me furando, e eu não iria aguentar aquele sofrimento, porque eu já sentia que dentro do coturno estava cheio de sangue. 

O sargento Moura ficou me xingando, dizendo-me que era manha minha, e que aquilo não passava de relaxamento meu, e já que eu sabia que naquela madrugada nós iríamos  caminhar até às terras de Governador Dix-sept Rosado, um dia antes eu deveria ter feito um reparo geral nos coturnos, batendo todos os pregos, que possivelmente poderiam me afetar.

Ao chegarmos no local do acampamento improvisado, no meio de uma porção de carnaubeiras, e na beira do rio, eu retirei o coturno, e lá senti o alívio do que me incomodava naquele momento. Chamei o sargento Moura para que ele visse de perto o estrago que o prego havia feito em meu calcanhar.

Reconhecendo o seu erro, por não ter aceitado eu seguisse no jeep, disse-me que no retorno eu voltaria no automóvel. E assim foi feito. Ao retornarmos da marcha, eu vim no jeep, mangando de vocês, que além de cansados, o sol estava mais quente do que nunca.

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Extra - Estudar o cangaço é fantástico

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Sou um humilde estudante do cangaço e até hoje não me canso de viver pesquisando o que aconteceu nas caatingas do nordeste brasileiro, feito por estes malucos e sanguinários cangaceiros.  

Tenho acompanhado os diversos escritores e pesquisadores do cangaço, e   em 2008 fiz alguns trabalhos por curiosidade, e logo tomei gosto sobre o tema, encontrando em meu caminho o amigo Francisco das Chagas do Nascimento, sendo este membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, aqui em Mossoró, o qual me fez ficar iludido pelas boas histórias sobre os cangaceiros.

 
Francisco das Chagas do Nascimento

Não sei o porquê de não ter escolhido o curso de “História” quando fiz faculdade, e que na verdade, nunca gostei do curso de Letras, passando trinta anos em sala de aula, fazendo o que realmente eu nunca gostei. Lecionar Português. 
              
Tudo sobre história é além de fantástico, e principalmente quando se tem tempo suficiente para acompanhar esses cangaceiros pelas caatingas do Nordeste, observando os seus coitos, as suas invasões, os constantes tiroteios; jogar cartas ao anoitecer nas bancadas improvisadas; vez por outra bebericar uma bela pinga; rezar juntamente com eles o ofício de Nossa Senhora, assistir de perto as covardias de alguns cangaceiros e cangaceiras. Fofocar sobre as traições das mulheres. Fugir do acampamento quando Zé Baiano se preparou para assassinar a sua linda Lídia.

 Zé Baiano

Presenciar uma bronca de Lampião com um dos seus comandados. Acompanhar o mensageiro até a fazenda de um latifundiário, com um bilhete solicitando valores. Participar dos bailes perfumados que os cangaceiros e cangaceiras faziam nas caatingas. Fugir com eles quando a polícia não dava trégua.
             
Testemunhar a grande discursão que aconteceu nas caatingas de Lampião com o seu comandado, causada pela desobediência do subordinado Antonio dos Santos, o cangaceiro Volta Seca. 

O cangaceiro Volta Seca - csngsconabahia.blogspot.com

Ficar ouvindo os conselhos de Virgínio Fortunado da Silva, ex-cunhado de Lampião, dirigido ao cangaceiro Volta Seca, que bem melhor seria ficar calado e obedecer ao seu grande chefe.

Lampião, número (!), Virgínio é o número (2)

Fechar os olhos para não ver Lampião decepando cabeças de policiais, pegos pelos cangaceiros. Participar de acampamentos lá no Raso da Catarina. De metido, participar dos treinos de guerra do bando. Sair correndo para não ser pego pelas volantes como se fosse marginal. Tudo isso para se estudar é fascinante.

              
Ver de perto e escondido entre as pedras que repousam lá pelo Raso da Catarina, a linda Maria Bonita se banhando, mas com um olho para frente e o outro em direção ao coito, temendo a suçuarana humana perceber.

Alcindo Alves da Costa - Faleceu em Novembro de 2012

Todos nós, loucos, como nos chamou  o saudoso escritor Alcino Alves Costa, apesar de várias décadas passadas, para nós estudantes, escritores e pesquisadores, é como se tudo isso estivesse acontecendo nos dias atuais.

A literatura lampiônica mudou a minha maneira de viver, pois se me tirarem das pesquisas sobre o cangaço, é como se  estivessem me enterrando vivo.

Nota: Senhor leitor: Não confundir estudar com maldades. Nós que gostamos do tema cangaço, jamais queremos que isso volte a acontecer.

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cerveja Astra

Por: José Mendes Pereira

O Brasil já fabricou e continua fabricando cervejas de todas as marcas, e das melhores qualidades, mas as mais solicitadas pelos brasileiros são:

Em primeiro lugar, indiscutivelmente, a cerveja Antárctica,  conhecida como a melhor fábrica de cervejaria do Brasil. 




Em segundo lugar, vem a cerveja Brahma, que há anos entrou no nordeste brasileiro e continua sendo uma das melhores cervejas fabricadas no Brasil.



No ano de 1970, do século passado, o grupo J. Macêdo S.A, Comércio, Administrações e Participações inaugura no Ceará a Fábrica de Cervejaria Astra, uma cerveja que ganhou fama, não como as outras já existentes, mas teve uma boa aceitação pelo povo nordestino.


Sendo um dos donos J. Dias de  Macêdo que havia nascido no dia 08 de Agosto de 1919, na cidade de Camocim, no Estado do Ceará. 

No dia da inauguração da cerveja Astra, lá estavam presentes as maiores autoridades do Estado, entre eles César Cals de Oliveira Filho, que tinha sido escolhido pelo presidente Emílio Garrastazu Medici, para governar o Estado do  Ceará. E, para assumir o cargo, deixou a presidência da Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança.

No momento em que iniciou a inauguração da nova cerveja, muitos deles tomaram goles a mais, e um deles foi o próprio mestre que havia feito a cerveja para a recepção.

Um dos sócios da nova cerveja vendo que o seu mestre já estava pra lá de embriagado, e esperando dele uma confirmação que  a cerveja Astra era excelente, e das melhores do Brasil, perguntou-lhe:

- E aí mestre, a cerveja Astra é boa mesmo?

- Muito boa! Muito boa!..., respondeu o mestre com a voz tropa, devido ter ultrapassado os goles.

- E depois de beber esta excelente cerveja, o que você desejaria agora para tirar um pouco a ressaca? - Perguntou-lhe o sócio da fábrica.

- Para tirar a ressaca eu só desejo agora beber um copo da Cerveja Antárctica... Ali sim, é que é cerveja!

No dia seguinte o mestre já estava na rua, devido a sua sinceridade com a cerveja Antarctica, afirmando que ela é a melhor do Brasil.

Mas a cerveja Astra sempre fora bem solicitada pelos brasileiros. Se o mestre estava bêbado, assim não valia.

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sábado, 17 de agosto de 2013

Seu Galdino simula doença para ficar com a Gertrudes do seu Leodoro

Por: José Mendes Pereira

Além das exageradas mentiras sobre onças, que o seu Galdino gostava de contar ao seu vizinho e compadre Leodoro, também usava de suas gabolices, que na juventude fora um rapaz perseguido pelas garotas, e todas aquelas que caíram na sua rede, não as deixou seladas. Não fora bonito, mas tinha molho e muito molho para esquentar os corações da moçarada.

Em noites de festas, na ACDP, e na Boate Snob, lá na primeira boate particular de Mossoró, do jornalista


Jornalista Tomislav Femenick

Tomislav Femenick, dizia seu Galdino que a mulherada não o deixava em paz, e era um verdadeiro tremendão, derrubando até os próprios cantores das bandas, cada um mais famoso do que o outro, mas todas as garotas estavam de olhos nele, para disputarem o seu coração.

Uma vez, frequentara um parque de diversão nas imediações do bairro Bom Jardim, e lá, devido a sua presença, algumas moças se desentenderam, causando brigas acirradas entre elas.

Outra vez, no Clube Barra Limpa, lá no Bom Jardim, ficou encurralado por uma porção de garotas, todas apaixonadas por ele, e algumas chegaram a desmaiar.

Todas as histórias que seu Galdino contava eram duvidosas, segundo alguns dos seus conhecidos, porque ele vivera a sua juventude no campo, cuidando de roças, tangendo animais, juntamente com tantos outros.

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Mas mesmo que tenha sido um camponês, em se tratando de rabo de saia, seu Galdino não dava chance, e até tinha um caso às escondidas com a Gertrudes, esposa do seu vizinho, amigo e compadre Leodoro.

Há dias que não mantinha relações sexuais com a Gertrudes, devido à presença constante do marido Leodoro, que nos últimos dias não arredara o pé da sua fazenda.

A Dionísia, sua esposa, havia viajado para visitar os familiares nas Areias Brancas, e seu Galdino ficara só, cuidando do gado, das ovelhas, da pocilga, carregando água para o rebanho, em fim, fazendo todas as obrigações sozinho.

Não tendo outro jeito de se livrar do seu Leodoro, isto é para usar e abusar da Gertrudes simulou uma doença, acamando-se em sua casa, no intuito de preocupá-lo, e com isto ele iria se dispor a ajudá-lo, talvez nas condições de ir comprar alguns medicamentos..., na cidade e seria uma das oportunidades para pegar a Gertrudes.

E lá na sua fazenda seu Galdino se acamou, alegando que parecia que tinha chegado a sua hora de embarque à outra vida além. E nesse dia ainda não tinha comido nada, apenas vez por outra tomava um golinho de café, para queimar um belo cigarro de fumo bravo.

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Seu Leodoro assim que tomou conhecimento que o seu compadre andava meio adoentado, abalou-se até a sua casa, para saber o que ele estava precisando naquele momento.

- Uma dor insuportável compadre Leodoro, pegando acima do peito e se manda até o dedão do pé. Não sei se escaparei desta, porque a idade que eu tenho, talvez não haverá mais recuperação.

- E o senhor quer que eu faça o quê, compadre Galdino? – perguntou-lhe seu Leodoro com uma aparência de preocupado.

- Compadre, se for possível – explicava seu Galdino, falando baixo e rasteiro -  eu quero que o senhor vá à Mossoró, procure um médico para consultá-lo sobre a minha doença, a qual o senhor já tem conhecimento. Na gaveta da mesa, lá eu tenho dinheiro, apanhe-o suficiente para a compra dos medicamentos. Se o senhor levar dinheiro franco, não será necessário voltar novamente à cidade por falta de dinheiro.

Seu Galdino estava lá como se estivesse muito doente, ali, mofinho, sem coragem para seguir o dia nos seus trabalhos. E permanecia todo enrolado numa coberta grossa e calorenta.

E sem se demorar mais, seu Leodoro seguiu rumo à cidade, açoutando seu animal de vez em quando. Era necessário. O compadre Galdino poderia passar por um vexame de saúde.

Mas seu Galdino não sentia nada, apenas arquitetara a doença, no intuído de ir até a casa da Gertrudes para se acariciarem, pois já fazia mais de mês que o seu gavião não pegara mais nada. E assim que seu Leodoro partiu, seu Galdino se levantou da cama e fez carreira em direção à casa da comadre.

Dona Chiquinha Duarte - a primeira motorista de Mossoró

- Galdino, o leiteiro da viúva dona Chiquinha Duarte, falava Gertrudes, disse bem cedo aqui  que você estava doente, e já está aqui?

- Gertrudes, eu não estava doente, e para consegui um bom momento com você, tive que arquitetar a doença, porque eu estava com saudades dos nossos aconchegos.

E aproximando-se dela, foi a acariciando lentamente, primeiro beijou-a, em seguida foi passando as mãos nas suas nádegas, e na sequência, saiu a levando em direção ao quarto do compadre Leodoro. Lá, o mundo tremeu por mais de duas horas.

Terminado o aconchego seu Galdino resolveu voltar para casa. Mas quando caminhava em direção à sua residência, viu um cavaleiro que vinha em disparada carreira. Era o seu Leodoro que já vinha de volta da cidade, trazendo consigo os medicamentos para seu Galdino, que mesmo sem a sua presença, o Dr. Duarte Filho fez receita para a compra destes.

Dr. Duarte Filho - Foi prefeito de Mossoró

Vendo que era seu Leodoro que já vinha de volta da cidade, seu Galdino atirou-se entre os pastos ralos em direção à sua casa. E antes que o socorrista chegasse, ele emburacou dentro de casa, deitando-se sobre a cama, e repetira as mesmas macacadas de antes. Todo enrolado e gemendo, como se estivesse sentindo enormes dores.

Ao chegar, seu Leodoro desenrolou os três medicamentos, e ali estava tudo anotadinho, quantas vezes por dia, horas certas para a medicação, muito repouso, e que maneirasse as comidas... 

O vaqueiro do fazendeiro Lili Duarte também já sabia que seu Galdino havia amanhecido doente, e como tinham muitas amizades, assim que seu Leodoro chegou com os medicamentos, este também colocou os pés no batente da casa, para visitar o seu vizinho.

Mais o mais interessante, foi que, quando seu Leodoro abriu um dos medicamentos para medicar o enfermo, este se recusou a ser medicado. E ficou seu Leodoro dizendo-lhe que ele não era mais criança, para recusar de engolir o que iria lhe deixar tratado. 

Não teve jeito. A recusa de não tomar o medicamento foi mantida por seu Galdino, pois ele sabia muito bem que não estava doente. Mas os dois, isto é seu Leodoro e o vaqueiro do fazendeiro Lili Duarte pegaram-no à força e obrigaram a tomar os remédios, primeiro um, depois outro e assim sucessivamente. Meio revoltado, seu Galdino levantou-se da cama e tentou violentar os seus amigos, principalmente o seu compadre Leodoro.

Quando o seu Leodoro foi comprar os medicamentos para seu Galdino, aproveitou a viagem e comprou na farmácia veterinária "sal amargo", para medicar uma das suas vacas que andava meio doente. O vaqueiro que estava presente, foi quem preparou o coquetel para seu Galdino, e no momento da preparação, por engano, misturou o "sal amargo" ao coquetel. 

À tarde, seu Galdino estava doente de verdade, porque os medicamentos e a mistura do "sal amargo" haviam provocado-lhe uma enorme dor de barriga.  

Merecido, seu Galdino! O senhor simulou a doença, só para ter a Gertrudes do seu compadre Leodoro em seus braços.

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Autor:
José Mendes Pereira

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