terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Casa de Menores Mário Negócio - Uma Instituição extinta - Parte IX

Por José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Hoje, falaremos um pouco daquele que nos dominava como monitor daquela instituição, com aquele jeito sério, mantendo sempre a sua autoridade, mas que na verdade, é uma grande figura, amigo de todos nós, e que muitas vezes, deixava passar as nossas falhas, sem que a direção tomasse conhecimento de alguns deslizes feitos por internos. 

Na verdade, eu me refiro ao amigo e famoso Francisco José Caldas da Silva, o  "40", filho da dona Chiquinha, e irmão de Maninha, e que não mais me recordo  o seu verdadeiro nome.

 Raimundo Feliciano

Segundo seu Néo, o outro monitor,  falou-me que Francisco José morou por muitos anos no Rio de Janeiro, e posteriormente, resolveu mudar-se para Pernambuco, fazendo residência  na capital Recife, que lá, exercia a  função de comerciário, mas ele não soube informar qual é o ramo comercial.

Às vezes eu me pego a pensar: Francisco José que deveria ter seguido a vida de cantor, com aquele vozeirão, mas eu acredito que o que mais o atrapalhou, foi a timidez, que sempre estava presente em sua vida, porque chances ele teve, tendo como madrinha, a sua prima cantora Amanda Costa, já famosa,

Nos Programas de Auditórios no Cine São Raimundo e Cine Miramar - As tardes de domingo com locução  Oliveira Rocha, Nilo Santos, Boanerges. e outros que as animavam tocando, e Wiclif, e Tico de Dijesu. e cantando Amanda Costa.( na sua adolescência). http://areiabrancaosartistasdaterra.blogspot.com.br/ 

e sabia muito bem do seu potencial. Mas infelizmente, Francisco José, o nosso amigo e irmão "40" sempre foi dominado pela timidez (e que eu acredito que ainda o acompanha), fez com que ele não brilhasse nos palcos artísticos. 

Lembro-me das canções que ele cantava todos os dias e às noites, lá na Casa de Menores, dos diversos cantores que faziam sucessos naquela época,  e que muitas vezes, quando nós morávamos na Rua José de Alencar, víamos pessoas subindo nos muros para apreciar aquela saudável voz, principalmente, as moças que residiam ao redor da instituição.

Ainda me lembro, que todos os dias, excetos os domingos, ele, Batista (irmão do padre José de Anchieta, como nós o chamávamos, ambos, lá de Maçaranduba, terras da cidade Ceará Mirim), e eu, nós íamos ao mercado central fazer compras de legumes e verduras, e ele mesmo sendo o nosso monitor, sempre ia e vinha fazendo graças. Francisco José Caldas é uma pessoa excelente.

Recordo-me também que, quando ele estava irritado com um aluno qualquer, você olhava para ele e dizia: "-Quareeeenta!", como se fosse uma maneira de desviar aquele problema e  acalmá-lo. Ele ficava sério. Mas depois resolvia se abrir com um sorriso seco e breve.

Uma das coisas engraçadas que aconteceu com ele foi no final dos anos 60, talvez em 1968, e nesse dia, as ruas  estavam alagadas, porque o inverno era bom, e o rio Mossoró havia transbordado, deixando uma boa parte do bairro Paraíba e o bairro Pereiros alagados.

Francisco José vestira escondido uma roupa do Manoel Flor, para ir à Diocese de Mossoró, na finalidade de receber o leite, o queijo e outras mercadorias, os quais eram para a alimentação de um bando de desocupados, inúteis, inclusive nós dois. Como ele era tímido, e não queria ir só, chamou o Batista e eu para com ele irmos até a Diocese.

Sei que você ainda lembra-se de um tanque que tinha encostado ao pé da parede do  "Posto América", lá na José de Alencar, mas era enterrado,  ficava rente ao chão.

Como as águas estavam espalhadas pelas ruas, cobriram o tanque, sem que ninguém percebesse que ali existia um buraco. E na hora, nós procurando um lugar melhor para saltarmos para o outro lado das águas, e ao pular, Francisco José acertou de cheio o buraco, caindo com todo corpo, ficando mergulhado dentro do óleo misturado com água. E lá se vinha ele morrendo sem fôlego. Ao sair, parecia aqueles pássaros que são salvos quando são atingidos por óleo dentro do mar. A roupa do Manoel Flor não mais prestou. Foi engraçado!

bupah.wordpress.com

Eu acredito que um dia, ainda nós o veremos, já que os seus familiares são areiabranquenses, e quem sabe, chegará em nossas residências. E tenho certeza que, em qualquer cidade ou capital do Brasil que ele está morando, faz as suas animações, com a sua admirada voz para os seus amigos, ou ainda para os seus superiores.

Minhas Simples Histórias

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Fonte:
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