sábado, 17 de janeiro de 2015

A DIFERENÇA DO TIMBÓ INDÍGENA PARA O TIMBÓ DO HOMEM BRANCO

Por José Mendes Pereira
http://pt.wikipedia.org/wiki/Timb%C3%B3

EMPREGO DO TIMBÓ PELOS INDÍGENAS DAS AMÉRICAS

Os princípios ativos das plantas conhecidas como timbó são a rotenona, os saponáceos, os glucosídios cardíacos, os alcalóides, os taninos, os compostos cianogênicos e o ictiotereol. Embora o timbó atordoava e chegava a matar os peixes, eles podiam ser ingeridos sem problemas para os índios, mas a água contaminada podia causar diarreias e irritações nos olhos.

O timbó dos índios era feito através do atordoamento aos peixes com esta planta
http://www.olx.pt/q/prensa/c-214

Folhas e flores de puikama e raiz de sika eram amassados no pilão pelos Kaxinawá do Acre e Peru. Bolas com cerca de 1 quilo eram feitas e colocadas em cestos ou bolsas impermeabilizadas com borracha.

Os Kaxinawá pertencem à família linguística Pano que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil - miropimenta.blogspot.com 

Em pequenos igarapés a pesca era praticada por mulheres e crianças utilizando a puikama. Em lagos a pesca era feita pelos homens usando a sika.

COLOCANDO TIMBÓ NA ÁGUA

Os Marubo do Amazonas faziam buracos no chão e neles esmagavam um tipo de planta por eles cultivada, misturando-a com barro. Faziam bolas, jogando-as em igarapés para atordoar os peixes. Os índios do Rio Uaupés do Brasil e Colômbia utilizavam a polpa do piqui para atordoar os peixes e alegavam que era mais potente do que o timbó.

www.iande.art.br - índios (grupo ignorado) da região do Uaupés na década de 50

Os mesmos índios do Rio Uaupés desenvolveram técnica engenhosa para pescar com o timbó. Cevavam com cupins, pupunha, frutos, farinha, massa de beiju e outros alimentos, o local onde fariam a pesca. Depois de alguns dias, fechavam o local com o pari, uma esteira de varas verticais e finas da palmeira paxiúba, deixando uma pequena abertura, para que os peixes tivessem acesso ao local da ceva.

 www.pescamadora.com.br

Continuavam a alimentar os peixes até a noite anterior ao dia da pesca, quando fechavam a abertura e colocavam timbó na água. No dia seguinte iam ao local e apanhavam os peixes pequenos, mortos, com o puçá, uma pequena rede afunilada, com peneira ou com as mãos.

pib.socioambiental.org

Peixes maiores, estonteados eram abatidos com flechadas ou azagaia. Os peixes grandes, pouco afetados pelo timbó, tentavam pular o pari, mas caiam em uma rede colocada ao longo do mesmo.

Lógico que naquele tempo o índio ainda não tinha tanta ideia para conseguir prender o peixe, e era necessário alimentá-lo para que ele ficasse preso às suas armadilhas.

COMO ERA FEITO O TIMBÓ DO 
HOMEM BRANCO

No nosso tempo, a pesca através de timbó era mais simples, pois não precisava alimentar peixes, e nem usar tinguis para que eles ficassem atordoados, e posteriormente presos pelas nossas mãos.

Só para ilustração. A cerca do timbó é feita só de pedras amontoadas -  www.caiaquebrasil.net

Quando o rio baixava as suas águas no final do inverno, mais ou menos na altura do umbigo de um homem, em um lugar mais estreito do rio, nós fazíamos uma cerca de pedras amontoadas, tampando todos os buracos com pedras menores, deixando que apenas a água passasse, e feito isso, nós fazíamos uma cerca de ramos sobre a cerca de pedras. Em seguida, colocávamos  em toda largura do rio, esteiras de palhas da carnaubeira, sendo que estas ficavam em forma de espreguiçadeira, e eram elas as responsáveis pelas capturas dos peixes, que ao tentar pular para o outro lado do rio (separado pela cerca de pedra), não conseguiam alcançar, e findavam caindo dentro das esteiras.

Quando o período era muito favorável à produção de peixes, tinha dia que era necessário retirarmos algumas esteiras, pois do contrário cairiam peixes em abundância, e os moradores não davam conta no escamar.

Este era o verdadeiro timbó construído por nós que morávamos à beira de rios, e nos dias de hoje, essa maneira de capturar peixes, já não existe mais.

Lembrando que não são todas as espécies de peixes que caem no timbó improvisado pelo homem branco. Costumeiramente, apenas a curimatã e a saúna tentam pular para o outro lado do rio, e vez por outra, traía se abestalha e finda caindo na esteira. Mas muitas vezes ela consegue escapar, por ser um peixe que pula muito alto, termina acertando o pulo, e consegue voltar para dentro da água. 

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