quarta-feira, 31 de julho de 2013

Casa de Menores Mário Negócio - Uma instituição extinta - Parte VI

Por José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Naquele estabelecimento de ensino não por vandalismo, coisa de adolescentes, e que nunca ninguém sofreu nenhum dano praticado por nós, internos, apenas era uma maneira de nos divertirmos com coisas simples, devido às privações e as regras do internato.

Revendo hoje na minha mente algumas astúcias que nós fizemos durante o tempo em que passamos naquela instituição, lembrei-me da despensa lotada de alimentos do bom e do melhor, onde ali era um verdadeiro mercadinho, com charque, carne de sol, jabá, sardinha, conserva enlatado, doce, rapadura, leite em pó, e tantos outros produtos de boa qualidade, tudo aquilo para o nosso sustento, mas com limites, e que nós não dávamos um prego em um isopor.

Em noites variadas, noite sim, noite não, nós que já nos aproximávamos da maioridade, fazíamos o assalto à despensa da escola, quando ainda o estabelecimento era instalado na Avenida Alberto Maranhão, em frente ao posto paraibano, bem próximo à Praça conhecida por Praça do Alto da Conceição. E geralmente, nós dávamos início ao furto à despensa após as 11; 00 horas da noite, quando todos já haviam chegado das suas escolas; e também porque os internos menores já estavam dormindo.

Como ali existiam alunos que poderiam mexericar, o que nós aprontávamos, e um dos tais, Gutemberg (o trinta, já falecido), que me parece que era um dos 21 filhos da dona Candinha, do grupo dos sete que falam, evitávamos fazer o nosso furto diante dele, pois se nós déssemos chances, no dia seguinte chegaria à diretoria. 

Como ele gostava de noite sim noite não dormir na casa de um dos seus primos, com ordem da direção, só usávamos a despensa para furtarmos mercadorias para a nossa merenda, em noite que ele estava fora do ambiente escolar.

fofoqueiros -  andandonospassosdejesus.blogspot.com

Geralmente os que faziam o assalto à despensa eram: Willame, (o Tigá), este nos dias de hoje se encontra totalmente fora de si); Josué (o galego), e que não tenho roteiro por onde anda; Walter, o qual tenho dúvida se à sua cidade é Janduís;  Francisco de Souza (o nove), (segundo dona Maria de Lourdes, ex-zeladora de lá, informou-me que este fora assassinado há alguns anos).

Foto: Que coisa, hein!

Nos anos sessenta - Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira
Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

Mais você com suas malandragens, mas, apenas no intuito de  diversão; e eu, entre outros, que não posso revelar os seus nomes, porque eles faziam parte do corpo docente da escola.

Os demais alunos que ainda eram mirins não podiam saber deste nosso ataque à despensa, pois eles poderiam nos entregar as administradoras, e se isso acontecesse, nós estaríamos ferrados.

Como a fechadura da despensa era de boa qualidade jamais conseguimos chaves adequadas, e sendo o ambiente que guardava as mercadorias apenas de meia parede, um subia por cima, e de lá ficavas jogando o que seria necessário para a nossa merenda reforçada e ilegal. E quem se encarregava de fazer a nossa merenda era Josué (o galego), que tinha mais habilidade para cozinhar. 

Terminada as nossas refeições limpávamos o enorme fogão industrial, lavávamos os pratos e colheres, colocando-os todos em seus devidos lugares, para que as empregadas não percebessem que  o fogão, colheres e pratos haviam sido usados na noite anterior. Cuidávamos de deixar tudo arrumadinho como elas haviam deixado ao saírem da escola. 

www.fisg.com.br

Mas com todas as espertezas que usamos por muito tempo naquela escola, nenhum de nós se dedicou a roubos, desonestos ou passou a ser marginal. Isto era apenas coisa de adolescentes.

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terça-feira, 30 de julho de 2013

Meu mano Nilton Mendes Pereira - Publicado em 2013

Por: José Mendes Pereira
Foto do acervo do Damião Maycon

Esta noite eu fiquei a pensar o quanto a dor da perda do seu filho muito tem lhe incomodado. Você olha para todos os lugares, e não o ver, apenas no imaginar, a sua fisionomia permanece encravada no seu eu. Todos os 9 filhos estão diante do seu olhar, mas sabe que no meio deles, uma ovelha está ausente, longe de você, apenas sabe que saiu do seu meio, do seu domínio.

Dos dez que nasceram e cuidadosamente você os educou, apenas 1, o Lulu, que tanto te amou, te respeitou, te ajudou por estes campos sofridos e solitários, sob o sol escaldante, suados, juntos, na luta com gado, ovelhas, colheitas de milho, feijão..., não está mais presente. 

Novamente você fica imaginando o seu jeito, a sua fisionomia, a sua voz, o seu sorriso, o cuidado com a irmandade, o bem que sempre quis aos pais, aos manos, aos tios, aos primos, aos parentes e amigos, hoje, apenas a saudade no coração de cada um permanece.

Fico a imaginar o vazio que ele deixou entre nós, mas não há mais vazio do que para você e Toinha, que são os verdadeiros criadores do Lulu, o qual, nunca lhes deu um pequeno desgosto e nem trabalho nenhum.

Fico a imaginar como você está nesse casarão sozinho, não por separação conjugal, porque cuida do nosso sítio; ausente dos filhos, de nós, seus irmãos, sem uma companhia para que possa dividir com ela o seu sentimento de pai, a sua dor, a sua solidão.

Mas a vida é assim mesmo, mano! Com lutas, com provas, com sofrimentos, com perdas de parentes, e que se a vida fosse mar de rosas, sem estes ingredientes, muito mais viveríamos na solidão, na tristeza, deprimidos, porque nada teríamos para fazer e nem passaríamos por provas. E o ser humano ocioso e sem sofrimentos, cairá em depressão forte.

Não somos donos da nossa matéria, apenas a usamos emprestada, caminhando com ela, e que serve  para sustentar os nossos espíritos, porque ela pertence à terra, para alimentação de bilhões de bactérias, que "famintas", precisam se alimentarem da nossa carne. Mas o que nós saldamos, sem dúvida,  é o "EU" de cada um. Este jamais se acabará.

E assim é que é a vida. Nascer, crescer, sofrer, adoecer, sentir dores insuportáveis, passar por provas, ser feliz, ser infeliz, e sem tempo definido para morrer, e após a morte, caminhar até a casa do senhor.

Mas a bíblia diz que nós não morreremos, apenas passaremos da morte para a vida eterna. E se é assim, como diz o poeta, morrer não é o fim.


Hoje, todos  nós estamos sem a presença do Lulu, diante da vida material, amando os seus filhos, sua esposa, seus pais, seus tios, seus irmãos, seus vizinhos, parentes e amigos. Mas, quem sabe. Será que o Lulu está bem mais feliz do que nós, na presença de Deus?

Meu mano Nilton levanta a cabeça e siga o seu caminho costumeiro. O Lulu se foi, mas ainda haverá esperanças para quem ficou. Ainda ficaram 9 filhos, e te amam muito  e querem te ver sorrindo e vivendo em paz. 

Todos nós temos o tempo certo para permanecermos aqui, sofrendo ou não. Um dia iremos todos, mas o que mais vale, é a Casa do Senhor Deus Todo Poderoso.

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Seu Galdino e a onça vermelha

Por José Mendes Pereira
dariopintocarvalho.blogspot.com 

Enquanto lá na cozinha dona Dionísia preparava o café da manhã seu Galdino permanecia no curral, mungindo as suas famosas e invejadas vacas; e assim que arreou o segundo bezerro para deleitar a mãe, levantando a vista em direção à estrada, viu seu Leodoro Gusmão que vinha se aproximando do curral, montado numa égua em dias de parir. E ao vê-lo, não pensou duas vezes, e de imediato chamou logo a sua atenção, dizendo-lhe que ele não tinha dó daquela pobre égua em dias de parir. 

Seu Leodoro que havia trabalho em diversas fazendas de grande porte, disse-lhe que era bom para facilitar no momento do parto. Com isso, convenceu seu Galdino, já que ele tinha trabalhado em diversas fazendas, com certeza sabia muito mais do que ele.

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Enquanto eles conversavam, alguém vinha se aproximando. Era o vaqueiro do fazendeiro Luiz Duarte (Lili Duarte), que procurava uma vaca embicheirada. E ao descer do cavalo, sendo ele um dos que mais proseava com seu Galdino, devido as suas mentiras, desafiou-o, dizendo que o daria 50,00 reais para ele  inventar uma mentira naquele momento.

Seu Galdino arrebatou dizendo-lhe que havia recebido uma proposta para inventar uma mentira por 100,00 reais, e não a aceitou. Se ele arriscasse contar uma mentira por 50,00 reais, já estava no prejuízo, perdendo 50,00 dos 100,00 que o sujeito havia lhe oferecido. Mas na verdade, já era uma verdadeira mentira, porque ninguém paga para ouvir mentiras.

A conversa entre os três durou até a  chegada da dona Dionísia, esposa do seu Galdino, que veio se aproximando do curral, e em suas mãos, xícaras, mais um bule de café.

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Ali, entre prosas, beberam o café, fumaram, e em seguida o vaqueiro disse-lhes que iria embora, porque precisava campear uma vaca parida nos tabuleiros, lá  pelas redondezas do rio Angicos. E despedindo-se, montou-se em seu animal e foi-se embora. 

Seu Galdino estava ansioso para que o vaqueiro fosse logo embora, pois precisava expor uma das suas maiores mentiras ao seu Leodoro, que mesmo sabendo que o seu compadre Galdino mentia muito, ele apreciava ouvir as suas lorotas.

Seu Galdino, segundo ele,  havia feito uma viagem em Bananeiras, no Estado da Paraíba, em uma fazenda para comprar um bom reprodutor de ovelhas. Ao chegar, o sol já havia se levantado bem esperto, porque havia acordado coberto por um enorme lençol de nuvens encarneiradas.

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Ao chegar à fazenda, assustou-se com uma onça que estava deitada ao pé da porteira. Com medo de ser atacado por ela, alarmou desesperadamente em direção à casa do vaqueiro, que trouxesse armas para matar uma onça vermelha,  que ali estava deitada na entrada do portão.

Seu Leodoro o ouvia em silêncio, sem dizer uma palavra, mas de olhos arregalados em direção ao seu Galdino, como se não estivesse acreditando no que contava o seu compadre.

E continuou seu Galdino, que lá de dentro da casa alguém  da fazenda respondeu, dizendo-lhe  que não se preocupasse com  a onça, ela  era mansa, e havia chegado ali há alguns meses, ficou morando, e já era um animal de estimação por todos dali, como se fosse o cachorro daquela fazenda.

Seu Leodoro só fazia ouvir, nenhum gesto, nenhuma palavra, apenas no seu eu, duvidava daquela conversa do seu Galdino. Ele já tinha ouvido muitas de suas conversas, até então, umas quase verdades, outras cabeludas, mas aquela da onça vermelha estava lhe deixando assustado. Não pela a onça, pela mentira do seu compadre.

Seu Galdino afirmava ainda que a bicha era do tamanho de um bezerro de um ano, e que ela passeava e brincava na fazenda, corria no meio dos rebanhos de ovelhas, bodes, e quando estava deitada, as galinhas ficavam sobre ela, procurando parasitas no seu corpo.

Ao entardecer, ele e o vaqueiro foram até ao cercado, olhar o rebanho de ovelhas, no intuito de seu Galdino escolher o melhor dos carneiros reprodutores para comprá-lo.

O vaqueiro da fazenda preparou um cavalo lustroso, gordo, selando-o. Em seguida, selou a onça, com todos os equipamentos  que se usa em cavalos. 

Ao terminar, ordenou que ele se montasse na onça, aconselhando que ela não lhe faria nenhum mal. Lutou muito para não aceitar esta ordem, mas findou se rendendo, e sem muito esforço, subiu na onça. 

A onça mesmo não o conhecendo, saiu de chote em direção ao cercado, e vez por outra ela dava uns pulos mais distantes, como se quisesse chegar primeiro do que o cavalo, que caminhava sobre o comando do vaqueiro.

Dizia ele que havia gostado bastante desta experiência, que antes não tivera, de andar montado em um animal tão grande e conhecido como feroz, valente, malvado e traiçoeiro. Mas estava certo que, o que dizem da sua valentia, não precede. Ela é domável e amiga. 

Nesse mesmo dia, antes de passear montado sobre o seu lombo, enquanto ela descansava em  um galho, seu Galdino disse que ficou alisando o seu pelo sem nenhum receio. E ela até havia dado umas lambidas em seu rosto e em uma das mãos.

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Seu Leodoro Gusmão estava como se estivesse hipnotizado. Nenhuma palavra saía da sua boca, para confirmar ou contrariar um pouco o seu Galdino. 

E de repente resolveu ir embora, precisava fazer campo, campear alguns dos seus animais, pois havia recebido informações de alguns vaqueiros, que uma de suas novilhas estava embicheirada. Mas antes de partir, saiu com uma engraçada. 

- Eu acredito plenamente no que o senhor me afirmou, compadre Galdino, porque a última vez que a Gertrudes, minha esposa, foi visitar os seus familiares lá nas Minhas Gerais, fez um passeio nas águas de uma lagoa, sobre o lombo de uma cobra sucuri, com mais de 20 metros de comprimentos, e da espessura de um tonel. 

Ela ainda me adiantou que - continuava seu Leodoro - a sucuri já era treinada para este fim, servindo de prancha para os turistas que ali apareciam e queriam surfar sobre as águas da lagoa. O que ela me contou  eu fiquei de boca aberta, compadre! O início do passeio foi na beira da lagoa, a sucuri deu partida, isto com a Gertrudes em cima dela, em pé, de braços abertos, como se fosse uma sufista, e saiu rodeando a lagoa, isto com toda velocidade. E quando chegaram ao lugar de onde haviam saído, a sucuri deu um freio tão grande, mas tão grande que a jogou longe da lagoa, saindo feito uma roda, passando sobre pedras, matos rasteiros, rodando sobre o solo, embolada como se fosse um tatu bola.

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E quando ela caiu na real, isto é que há tempo que tinha saído de cima do lombo da sucuri, já estava no terreiro dos seus familiares, porque havia esbarrado em um rio que passava em frente à casa da família. E ao cair nele, a água corrente a levou até lá".

- Minha nossa Senhora! Que coisa, hein! - fez seu Galdino.

Já satisfeito com o troco que havia dado ao seu Galdino, sobre a sua história, seu Leodoro disse:

- Eu já estou indo, compadre Galdino. Eu preciso ir ao campo. 

Despedindo-se, montou-se na égua e foi-se embora.

- Mas que compadrinho mentiroso! Que sucuri que nada! Nesses dias ela irá surfar em outra cobra, mas desta vez surfará é na minha anaconda. -Dizia seu Galdino balançando a cabeça e se desmanchando em risos, pela grande mentira que o Leodoro soltara naquele momento.

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domingo, 28 de julho de 2013

Meus irmãos Neci, Antonio, Maria, Luzia, Anzelita, Laete, Sobrinho, Carminha, Vera Lúcia, sobrinhos, parentes e amigos, faleceu o nosso sobrinho Lulu

Por José Mendes Pereira
 Foto: MEUS IRMÃOS, FALECEU O NOSSO SOBRINHO LULU!

Meus irmãos Neci, Antonio, Maria, Luzia, Anzelita, Laete, Sobrinho, Carminha, Vera Lúcia e todos os nossos sobrinhos e parentes:

Esperávamos uma recuperação completa do nosso sobrinho Lulú, mas, infelizmente, esta é a vida. Nada podemos fazer nada podemos dizer coisas contrárias com a natureza, isto só quem sabe explicar é as Três pessoas da Santíssima Trindade.

O Lulu nasceu, cresceu, ali, naquela estimada terra, "Barrinha “ e anos depois, veio morar em Mossoró. Aqui atingiu a maioridade, e vendo que tinha condições de construir uma família, assim fez. Casou-se pela primeira vez, e por motivos, o casal resolveu se separar, e deste casamento, nasceu a Alice, uma mocinha ainda nova, talvez, 14 anos. Sozinho, caminhou em busca de outro relacionamento, e deste último, deixou duas filhas lindas.

Amigo e inseparável dos seus irmãos, que hoje, no momento em que ele descer para sua casa eterna, lá no cemitério, tenho certeza, que a despedida dos seus irmãos com o seu corpo, será muito choro, muita emoção, que quem assistir, irá chorar também, porque é muito difícil uma irmandade tão unida quanto a dele.

Enquanto viveu, lutou muito para cuidar dos seus filhos e esposa, e durante o período em que esteve enfermo, mantinha fé que iria se livrar da doença. Mas chegou o dia em que tudo se acabou. 

Hoje, nesta madrugada fria, o nosso sobrinho Lulu, se despediu da terra, do céu estrelado, das brancas nuvens que passeiam pela imensidão do universo, do sol que esquentava o seu corpo para seguir o caminho da vida, dos corações humanos que mantinham amizades sinceras. Dos amigos, dos sobrinhos, dos tios, dos primos, e principalmente, dos seus irmãos, que sentirão a sua falta. 

Realmente, todos ficarão tristes, muito tristes, mas não haverá ninguém mais triste do que os seus pais, Toinha e Nilton, meu irmão, porque eles esperavam que você fosse os acompanhar até ao cemitério. E infelizmente deu tudo errado. Eles, hoje, irão te acompanhar até lá, ver a saída do teu corpo em busca da sua última morada aqui na terra. Lá, serás depositado em uma urna que ninguém a quer. Mas, realmente ninguém a quer para si, mas não tem jeito, a mesma urna que você será depositado, é a mesma que todos nós iremos um dia. Um dia que ninguém sabe quando.

Adeus Lulu! Adeus!

Morrer jamais será o fim.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

Esperávamos uma recuperação completa do nosso sobrinho Lulú, mas, infelizmente esta é a vida. Nada podemos fazer, nada podemos dizer coisas contrárias com a natureza, isto só quem sabe explicar é: as Três pessoas da Santíssima Trindade.

O Lulu nasceu, cresceu, ali, naquela estimada terra, "Barrinha“ e anos depois, veio morar em Mossoró. Aqui atingiu a maioridade, e vendo que tinha condições de construir uma família, assim fez. Casou-se pela primeira vez, e por motivos simples, o casal resolveu se separar, e deste casamento, nasceu a Alice, uma mocinha ainda nova, talvez, 14 anos. Sozinho, caminhou em busca de outro relacionamento, e deste último, deixou duas filhas lindas.

Amigo e inseparável dos seus irmãos, que hoje, no momento em que ele descer para sua casa eterna, lá no cemitério, tenho certeza, que a despedida dos seus irmãos com o seu corpo, será muito choro, muita emoção, que quem assistir, irá chorar também, porque é muito difícil uma irmandade tão unida quanto a dele.

Enquanto viveu, lutou muito para cuidar dos seus filhos e esposa. E durante o período em que esteve enfermo, mantinha fé que iria se livrar da doença. Mas chegou o dia em que tudo se acabou.

Hoje, nesta madrugada fria, o nosso sobrinho Lulu se despediu da terra, do céu estrelado, das brancas nuvens que passeiam pela imensidão do universo, do sol que esquentava o seu corpo para seguir o caminho da vida, dos corações humanos que mantinham amizades sinceras. Dos amigos, dos sobrinhos, dos tios, dos primos, e principalmente, dos seus irmãos, que sentirão a sua falta.

Realmente, todos ficarão tristes, muito tristes, mas não haverá ninguém mais triste do que os seus pais, Toinha e Nilton, meu irmão, porque eles esperavam que você fosse os acompanhar até ao cemitério. E infelizmente deu tudo errado. Eles, hoje, irão te acompanhar até lá, ver a saída do teu corpo em busca da sua última morada aqui na terra. Lá, serás depositado em uma urna que ninguém a quer. Mas, realmente ninguém a quer para si, mas não tem jeito, a mesma urna que você será depositado, é a mesma que todos nós iremos um dia. Um dia que ninguém sabe quando.

Adeus Lulu! Adeus! Um dia nos encontraremos na casa do Senhor Deus. Você se foi, mas todos nós, jamais esqueceremos de ti.



A bíblia diz que nós não morreremos, apenas a matéria. Se é realmente assim, Morrer jamais será o fim.

Nesse momento, o nosso Lulu está sendo sepultado, no cemitério novo de Mossoró.

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

sábado, 27 de julho de 2013

JÁ MORREU! - PARTE I

Por José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

"Já morreu" era um senhor que morou muitos anos no Conjunto Walfredo Gurgel, na antiga COHAB; de voz grossa, alto, poucos dente naturais, magro, e  astucioso ao estremo. Devido as palhaçadas que fazia, fora apelidado de "Já morreu", pelos seus próprios amigos. E para falar a verdade, ele fora morto 4 vezes, mas eram invenções dos companheiros, que vez por outra, saía a notícia do seu falecimento.

Salinas - www.flickr.com

Era obcecado por bebidas alcoólica, principalmente a Pitú, que era um dos seus pratos preferidos. O seu verdadeiro nome era Antonio, informara-me certa vez quando este era vizinho da minha irmã, mas deixou para trás o seu sobrenome. 

Foi empregado da firma SOSAL, por muitos anos, e posteriormente resolveu aliar-se a uma firma em Mossoró, evitando o seu deslocamento todas as manhãs para a cidade de Areia Branca, onde é lá que funciona a empresa que antes trabalhava.

Ao sair da salina, recebeu uma boa indenização, e como ele era dependente do cigarro e da bebida, e gostava das farras, das bebedeiras nos bares, meio mulherengo, de pernoitar em casas de jogos..., e sabendo que se aquele monte de dinheiro ficasse em suas mãos, seriam poucos dias para devorá-lo nesses lugares. Temendo gastá-lo, resolveu entregá-lo a esposa, garantindo-lhe que iria comprar um Passat, Zero Km, porque este era o automóvel de sua preferência.

Passat - http://www.pedropedreiro.com

A esposa achava que "Já Morreu" havia mudado o sistema de vida, e até imaginava que ele andava meio adoentado, devido a mudança de vez, entregando-lhe todo dinheiro que havia recebido em suas mãos, coisa que ele só fazia isto, quando ela  o solicitava para feira, roupas etc...

Ao anoitecer, estava em casa, vendo o Jornal Nacional. Já fazia muitos anos que ele não grudava os olhos em uma televisão. De olhos na tela, vez  por outra mudava o canal, na intensão de encontrar um programa melhor, um filme ou outra coisa semelhante. Mas ali, permaneceu até que o sono lhe veio. Sonolento, caminhou para o quarto. Lá, armou a rede, deitou-se e minutos depois roncava como um porco.

Lá pras tantas, acordou, e ficou imaginando que deveria está nos bares, nas farras, nas casas de jogos, e por sua culpa, sua máxima culpa, agora  estava se sentindo um verdeiro prisioneiro, pois fazia meses que não pernoitava em casa, só depois das 12, 1 hora da madrugada.

Passou o resto da noite passeando da sala para cozinha, só fumando, fumando..., estruturando o que iria fazer no dia seguinte, sem dinheiro, sem poder ir às casas de jogos, tomar umas biritas. Pensou em pedir o seu dinheiro de volta, mas sabia que a esposa não iria lhe devolver de jeito nenhum. Isso ele sabia bem, pois quando ela pegava no seu dinheiro, não lhe devolveria mais. Com pouca quantia, ela não lhe devolvia, e principalmente dinheiro que dava para comprar até um carro Zero Km.


www.viomundo.com.br

Pela manhã, bem cedo,  tomou um banho, vestiu-se e caminhou até a banca de carne do Luizinho, filho de Chico de Idalino. Como ele conduzia uma faca enfiada à cintura, disse-lhe:

- Luizinho, deixe eu dá uma facada neste fígado.

- Uma facada no fígado,  você enlouqueceu? - Fez Luizinho.

- Eu não enlouqueci de jeito nenhum. Mas se você não deixar eu pipinar este fígado de facadas, eu vou furar o que estiver mais próximo de mim.

Naquele momento, a pessoa que estava mais próxima dele era o próprio Luizinho.

Temendo ser esfaqueado por ele, disse-lhe:

- Está certo, faça as suas vontades. Mas por favor, ao terminar, vá embora, porque a minha freguesia irá ficar com medo de você, já que você está  com esta faca nas mãos, prometendo esfaquear alguém.

E logo "Já Morreu" deu início à sua maldade, deixando a faca toda avermelhada de sangue.

Ao terminar a sua maldade, colocou a faca na bainha e se mandou para casa.

Ao chegar, gritou pela mulher que estava nos afazeres. E lá se veio a inocente, bem tranquila e feliz, porque "Ja Morreu" havia dormido em casa à noite anterior.

E ao vê-la disse-lhe:

- Mulher, eu dei uma facada num sujeito agora mesmo, e acho que ele vai morrer. Vais buscar o dinheiro logo, pois  eu preciso me esconder e contratar uma advogado para a polícia não me prender. 

A mulher deu início a um choro constrangedor.

- Calma mulher! Calma! Fique calada para a vizinhança não tomar conhecimento. Vai logo, dizia ele se fazendo de nervoso.

Mesma chorando, ela perguntou quanto ele queria.

- Todo dinheiro, mulher! Acredito que o que o advogado irá me pedir, este que nós temos, será pouco para resolver este problema.

Se às pressas ela foi lá dentro, muito mais às pressas ela retornou, trazendo em suas mãos o  monte de dinheiro, que iria ser para a compra do automóvel.

Entregando-lhe em suas mãos, o valor, exigiu que ele fosse se esconder em qualquer lugar, não ficasse dentro de Mossoró.

Assim que "Já Morreu" partiu, ela bateu porta, e quando alguém lhe chamava, ela não respondia, já com medo de uma possível vingança feita pelos parentes da vítima.

À tardinha, recebeu a visita de um irmão, mas colocando-o para dentro de casa às pressas, e de imediato bateu a porta.

- Você já sabe o que aconteceu com Antonio? Dizia ela ao irmão.

- Não! - Fez o irmão com sustos.

- Você não soube ainda não, meu irmão?

- Até agora eu não soube nada sobre o que tenha acontecido com "Já Morreu".

- Pois meu irmão, logo cedo ele esfaqueou um ali na banca do Luizinho!

- "Já Morreu" esfaqueou um? - Perguntou o irmão com admiração.

- Sim.

- E como eu passei lá na casa do jogo do Paulo, e ele está lá sentado jogando baralho! Esta história não tem fundamento...

Realmente ele queria o dinheiro para sair gastando-o nos bares, nas casas de jogos, com as meretrizes...

Já Morreu só apareceu em casa quando gastou todo dinheiro.

Foi morto por 4 vezes, mas certo dia, da década de 10, deste século, finalmente "Já Morreu"morreu mesmo.

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Francisca Rodrigues Duarte - Dona Chiquinha Duarte

Por: José Mendes Pereira
Dona Chiquinha Duarte

O livro "Ombudsman Mossoroense" do escritor e poeta David de Medeiros Leite, que é sobrinho de segundo grau de dona Chiquinha Duarte, afirma que ela nasceu no dia 17 de Julho de 1895, na cidade de Ereré, no Estado do Ceará. Era filha de Manoel Lucas Sobrinho e Maria José de Souza.

Pedro Nél Pereira

Quando eu ainda residia na companhia do meu pai, Pedro Nél Pereira, fui um dos que sempre fazia favores a dona Maria José de Souza, a mãe de dona Chiquinha, como por exemplo: rachar algumas lenhas para ela usar no seu fogão, encher potes, ou fazer companhia a Antonio Rodrigues de Sousa, o "Naim", seu filho, que era retardado. 

Não tenho real certeza, mas me parece que dona Maria José de Souza faleceu com 104 anos, mas ainda era lúcida, cheia de vida e conhecia todos da sua convivência, sem trocar nomes de ninguém.

Chico Duarte 
Francisco Duarte Ferreira - Chico Duarte

Dona Chiquinha era a segunda esposa do viúvo e fazendeiro Francisco Duarte Ferreira, conhecido por Chico Duarte,  dono de uma enorme propriedade, sendo esta  nomeada "Fazenda Barrinha", que se estendia ao Sul, pelo lado leste de Mossoró, começando pelos sítios Curral de Baixo, Angicos, Martelo, Tabuleiro Grande, Sítio São Francisco, Mururé, Barrinha, aonde era localizada a sua fazenda, e terminava no Norte, no Sítio Melancias, estremando com  as terras de um fazendeiro de nome Joca Correia.

 
Ex´-senador Duarte Filho

Chico Duarte Ferreira era pai do ex-senador Duarte Filho, e de Manoel Duarte Ferreira, sendo este último, o homem que na tarde do dia 13 de Junho de 1927, na ocasião da tentativa de invasão à cidade de Mossoró, pelo grupo do afamado Lampião, assassinou o cangaceiro Colchete e baleou o Jararaca.

 Manoel Duarte
Manoel Duarte - assassinou o cangaceiro Colchete

O casal também era pai adotivo da freira Letícia Rodrigues Duarte, (Irmã Aparecida), sendo esta filha de um dos irmãos do fazendeiro, mas foi criada e registrada como filha do casal.

Letícia Rodrigues Duarte - Irmã Aparecida
Letícia Rodrigues Duarte  - Irmã Aparecida

Todos os meus tios, tanto os irmãos do meu pai como os irmãos da minha mãe, nasceram em sua propriedade, inclusive meus irmãos e eu.

Dona Chiquinha era uma mulher alta, de cor clara, costumeiramente só usava vestidos longos, isto é, abaixo do joelho, de preferência azul e estampado. Muito séria, mas era uma excelente pessoa.

 
Escritor David de Medeiros Leite

Ainda segundo o David de Medeiros Leite ela fora a primeira motorista de Mossoró, e que ela também tenha sido  a primeira enfermeira de Mossoró. 

Após a morte do seu esposo, dona Chiquinha fez inventário dos bens, que haviam ficado em seu poder, entregando aos filhos do falecido (não eram seus filhos), as suas partes de terras, rezes, ovelhas e tudo que lhes era de direito.

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O que mais me chama a atenção até hoje, eram as suas fortes rezas, que quando um vaqueiro dava notícia que uma de suas rezes estava com bicheiras, ela se apoderava do terço, e iniciava uma longa reza. Dias depois, o animal havia sido curado.

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Como a palha da carnaubeira depois de seca não pode receber chuva, porque a água lavará o que é mais precioso, o "pó", geralmente apareciam nuvens preparadas para derramarem uma porção de água, e ela fazia o mesmo.  E sob o alpendre da sua casa, andando de um lado para o outro, e com o terço em mãos, iniciava as rezas. E não demorava muito para que as nuvens resolvessem mudar de direção.

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Dona Chiquinha tinha um desejo de que todos os filhos dos seus moradores estudassem, mas apenas eu tive o privilégio de satisfazer o seu desejo, quando cuidou da minha formação, levando-me para a Casa de Menores Mário Negócio.

Geralmente quando o meu pai me mandava até à sua casa para que ela o emprestasse isso ou aquilo, eu sempre dizia: 

- Dona Chiquinha, papai mandou dizer que a senhora emprestasse a ele uma cangalha,  por exemplo,  pra mode ele..." 

Esta expressão "pra mode" é muito usada pelo camponês, mas quando eu a pronunciava, parece que doía muito nos seus ouvidos. E todas às vezes que eu a usava, ela me dizia: 

- Eu vou arranjar uma escola para você estudar, e deixar de falar esta expressão, "pra mode..., o que significa pra mode?"  - Perguntava-me ela. 

Eu que não sabia e nem tinha a mínima ideia o que significava, permanecia calado, apenas rindo.

Uern 
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Eu agradeço muito o que ela me fez, por ter me trazido para Mossoró, apesar de ser desta freguesia, colocou-me em uma repartição do governo  - SAM - Serviço de Assistência ao Menor,  nos dias de hoje - FEBEM, e hoje sou formado pela Universidade do Rio Grande do Norte, - FURRN - atualmente UERN, e já me encontro aposentado pela Secretaria de Educação, mas não devo a outra pessoa, e sim, a dona Chiquinha Duarte. 

Sei que muitos me ajudaram durante o tempo em que passei estudando, como dona Caboclinha, dona Severina Rocha, Beatriz, Maria de Lourdes, dona Maria Estela Pinheiro Costa, Dona Luci Pinheiro, irmã desta última, mas o passo principal, foi ela quem me deu.

Francisca Rodrigues ou dona Chiquinha Duarte foi uma verdadeira mãe para todos os seus moradores. Faleceu em Mossoró, no dia 14 de Maio de 1988, bem próxima de completar  93 anos de idade.

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mas quem não é? - Perguntava Chico Anyzio

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Em todas as cidades brasileiras, anualmente são construídas milhares e milhares de casas populares, programa do Governo Federal, para solucionar muitos problemas de pessoas que são inteiramente pobres, sem condições de possuírem um teto, e  não dispõem de empregos para sustentarem as suas famílias.

Logo que as residências são entregues aos inscritos do programa,   de imediato o conjunto habitacional é nomeado com um apelido ou vários, como: Inferno colorido, Favela do Veio, Rochedo, Onde o cão perdeu as esporas, Malvinas, Iraque, Tranquilim..., e um deles, será escolhido pelos  moradores, como identificação onde moram.

 
www.riograndedonorte.net

Mas estes apelidos são dados ao conjunto sem nenhuma maldade, e geralmente são originados das constantes brigas que acontecem entre os moradores, principalmente criadas por algumas mulheres (entre aspas), que constantemente ficam fazendo fuxicos entre a vizinhança.

Aluízio Alves discursando - blogcarlossantos.com.br

Na década de 60, o governo do Estado do Rio Grande do Norte, o afamado cigano feiticeiro, Aluízio Alves, construiu o primeiro conjunto residencial em Mossoró, denominado “COHAB”, no chamado grande alto de “São Manoel”.

onordeste.com

Posteriormente, assumiu o governo deste Estado, o monsenhor Walfredo Gurgel, este também colaborou com mais residências, e em seguida, outros e outros fizeram casas populares para os sem tetos de Mossoró.

Com o falecimento do monsenhor Walfredo Gurgel, que havia sido governador do Rio Grande do Norte, apoiado pelo ex-governador Aluízio Alves, este conjunto habitacional deixou de ser (COHAB), recebendo o nome do governador falecido, e passou a ser (Conjunto Habitacional Walfredo Gurgel).

Logo que este conjunto (COHAB) foi entregue aos moradores inscritos, foi apelidado de CORNAP  (Corneado Às Pressas), nomeado pelos próprios moradores, daquela época, que afirmavam que casa sim, casa  não, tinha um corno, e ao retornar pela mesma rua, todas as casas tinha um  corno. Mas isso a gente sabe que era apenas uma simples brincadeira, criada por pessoas engraçadas, porque ali viviam e ainda vivem mulheres honradas, e que jamais  imaginaram tal coisa.  Sendo eu um memorialista, tenho que registrar o que aconteceu e acontece em Mossoró, principalmente este fato.

oreidosorriso.blogspot.com

Mas o mais interessante é que, neste conjunto habitacional moravam dois senhores da alta sociedade de Mossoró (não coloquei os seus verdadeiros nomes porque já faleceram, e preservar a identidade de quem já partiu, é uma obrigação nossa).

Um deles era o Dr. Paulo, na época, já beirava os 50 anos de idade. Médico, formado em odontologia, e que havia sido traído pela sua primeira esposa. Após a traição, foi morar na COHAB, maritalmente com uma jovem, aparentemente formosa. 

Mas a dona Candinha, que tem uma  família numerosa, com 21 filhos, que enquanto 7 dormem,  7 estão ouvindo e os outros 7 estão falando, já comentava que a nova esposa do dentista andava o corneando.

amznoticias.zip.net

O outro era o militar Pedro, que na época já se aproximava dos 60 anos. Este havia sido delegado de um dos bairros de Mossoró, e durante à sua administração como xerife, foi um dos mais cruéis delegados da nossa cidade, usando todos os tipos de torturas  com as suas vítimas.

Jamais havia sido corneado pela sua esposa, porque ela era uma senhora honrada eque conservava as tradições familiares, e ainda achava que o adulterismo é coisa do diabo. 

Mas como o nosso delegado não gostava de deixar quieto o que as mulheres do seu tempo guardavam debaixo das saias, fora traído por várias delas, quando resolvia colocá-las em uma casa, para serem suas mulheres.

Os dois moravam na COHAB, apenas um muro dividia as suas residências, e certa noite, sentados sobre à calçada, ali, eles conversavam sobre isto ou sobre aquilo, e de imediato o Pedro disse para o Paulo.

- Paulo, nesta COHAB só tem duas casas que não tem corno.

- Eu já sei, Pedro.- É a minha e a sua. - disse Paulo querendo fugir da cornagem.

Pedro olhou para um lado e para o outro, e em seguida, virando-se para o Paulo,  disse:

- Não Paulo. Você está totalmente enganado. Aqui na COHAB, as casas que não tem cornos, são aquelas duas que estão fechadas. Mas só não tem  cornos porque elas  não tem moradores.

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Autor:
José Mendes Pereira

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