terça-feira, 20 de janeiro de 2015

UM ESTRESSADO RELIGIOSO NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MOSSORÓ - E. E. JERÔNIMO ROSADO

Por José Mendes Pereira
telescope.blog.uol.com.br

É muito difícil aparecer uma pessoa que possa garantir que nunca foi decepcionada na vida por alguém, ou por onde passou. Geralmente, os que tentam nos decepcionar, são pessoas que caíram ou estão prestes a caírem na fossa, por estarem passando por coisas ruins, ou difíceis na vida. E para elas, o melhor será tentar descontar em cima de outra pessoa, que não tenha nada a ver com os  seus problemas,  seus sofrimentos, suas rixas contra alguém por uma razão qualquer, ou mesmo pela própria maldade. Quando a pessoa é vítima de decepções, claro que suporta por um ato de respeito, confiante em Deus, ou então, aquela decepção não atingiu os seus neurônios, fazendo com que aquilo passe rápido, sem que seja preciso praticar uma agressão verbalmente, ou até mesmo fisicamente. Mas o bom mesmo é não guardar rancor, deixa pra lá que Deus resolverá.

Nos anos 60 eu ainda era aluno interno da Casa de Menores Mário Negócio, e havia concluído o primário. No ano seguinte, eu tentei ingressar no ginásio, isto é no primeiro grau de ensino (nos dias de hoje), período em que Mossoró ainda não dispunha de escolas suficientes de 1º e 2º graus para todos os estudantes.


Ano de publicação deste livro: 1967 - Todos os alunos desta década eram donos de um livro deste

E para que o aluno tivesse direito a uma vaga ao ginásio era necessário fazer o chamado "Exame de Admissão", como se fosse um ensaio para um futuro vestibular. Confiante que era e continua sendo uma enorme escola, e de bom conceito também, devido ao grande número de vagas que ela oferecia aos estudantes concorrentes, fiz o meu "Exame de admissão" no Instituto de Educação de Mossoró.

... escola estadual jerônimo rosado (fotos históricas) ... - www.defato.com

Apesar do nome e renome que esta instituição de ensino tinha, tem, e sempre terá, porque vale a pena estudar nela, não fui feliz no dia em que foi dado o resultado aos concorrentes do "Exame de Admissão", porque fui decepcionado por um dos manda-chuva de lá, repreendendo-me fortemente e xingado por ele, enquanto me tangia para fora do auditório da instituição, como se eu fosse um animal que havia invadido aquela repartição escolar.

O religioso acusava-me de baderna dentro do auditório. Baderna esta que não estava sendo praticada por mim, e sim por um aluno que sentara ao meu lado, e que na verdade, eu nem o conhecia;  e de momento a momento, enquanto o religioso lia os nomes dos alunos aprovados no "Exame de Admissão", o estudante levava até à boca um objeto, e zoava fortemente, como se fosse um irritante apito qualquer.

Lá do palco, no auditório, o ignorante religioso  gritava para que o aluno deixasse aquela baderna. E como não foi atendido, ele desceu do palco e dirigiu-se ao local em que estava sentado o aluno que badernava com o irritante objeto. Mas em vez dele enxergar o aluno que tentava lhe tirar a paciência, acho que ao descer do palco, perdeu o alvo, e ele veio em minha direção, como se o responsável por seu ódio fosse eu.

O religioso não mediu o tamanho e nem pesou as palavras que dizia contra a minha pessoa. Eu tentava explicar (sem acusar o outro) que não era eu o responsável pelas desordens, e sem ele querer ouvir nada, saiu me tangendo para fora do auditório. Eu entendi que naquele momento eu nada valia, e que eu era apenas um verdadeiro lixo que a natureza tinha acabado de me produzir, já que antes, jamais passara por qualquer decepção na vida.

www.blogdogemaia.com

Expulso do auditório do Instituto de Educação de Mossoró não tive mais coragem de retornar lá, nem para saber se eu havia passado ou não no "Exame de Admissão". Como eu não quis mais retornar lá na instituição, fui fazer outro "Exame de Admissão" na "Escola Técnica de Comércio União Caixeiral", que apesar que era uma escola técnica, ela mantinha ginásio também. E só retornei  ao Instituto de Educação, 4 anos depois, quando eu concluí o ginásio (1º grau no Ginásio Municipal de Mossoró), na finalidade de cursar o científico lá.

Senti muito pela decepção que passei diante daquela gente toda (alguns deles eram meus conhecidos), alunos e mais alguns funcionários que presenciaram o batido que recebi do religioso, religioso este que se fazia de ovelha de Deus, mas na verdade, não sabia respeitar um filho de Deus. 

Mas o tempo passa e passa tão rápido que faz com que a gente esqueça algumas falhas praticadas por pessoas poderosas, e gostam de usar certas coisas contra pobre. Se eu fosse rico, com certeza estava protegido pelo religioso. Mas como sou pobre, fui um saco bom para levar pancadas verbalmente de um desastroso indivíduo, que se dizia ser responsável para ensinar o caminho certo de chegar até à casa do Senhor Deus.


Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO BALÃO ENFEITOU AS SUAS RESPOSTAS MAIS DO QUE DEVIA

Por José Mendes Pereira
O cangaceiro Balão

Em 1973, o cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessária tanta fantasia.

“- Estávamos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 horas da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para fazer o ofício de Nossa Senhora. Enquanto lia a missa em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados ao lado das barracas, respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus".

Continua: "- Terminado o ofício Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se abaixou no córrego veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras, a 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição das camas."

"- Numa rajada de metralhadora serrou a ponta da minha barraca..."

E continua o cangaceiro Balão: "- Meu companheiro Mergulhão, levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, e com jeito coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo, calcei uma alpargata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a prendi também no ombro. Quando levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Mergulhão. De repente ele estava com o cano de sua arma encostada na minha perna e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O soldado estava morto e minha perna não fora quebrada.

"- Então vi Lampião caído de costas, com uma bala na testa..."

Continua  Balão: "- Moeda, Tempo Duro (este não aparece na lista oficial dos abatidos, e nem tão pouco na lista de Alcino Alves Costa); Quinta-feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas mulheres. Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras. Mas foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um inferno. Luiz Pedro ainda gritou: - Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião. Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada".

Mané Véio

Em minha opinião, esta afirmação do cangaceiro Balão contraria o que disse Mané Veio, pois nas declarações que deu aos repórteres, o policial levou um bom tempo para assassinar Luiz Pedro.

O cangaceiro Luiz Pedro

Continua: "- Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro, Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com ANJO ROQUE e sua mulher".

O cangaceiro Ângelo Roque, o Labareda

Continua o depoente: "- Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus".


Minhas inquietações:

1 - Será mesmo que depois da missa ele voltou  se deitar?

2 - Como foi que ele viu que a bala que atingiu o rei foi mesmo no meio da testa, quando ele diz que Lampião estava de costas?

3 - Como foi que no meio de um cerrado tiroteio ele teve coragem de ir pegar o mosquetão de Luiz Pedro que já estava morto?

4 - Como foi que ainda deu tempo para ele contar os mortos, pois no meio de um tiroteio, qualquer ser humano não espera por nada, muito menos para contar quem lá morreu?

5 - Como foi que ainda deu tempo para ele calçar as alpargatas?

6 - Por que Balão caiu quando ele e o policial ambos atiraram, se ele não sofreu nenhum impacto para ser derrubado?

7 - Balão disse que após o massacre ao grupo de cangaceiros passou um ano nas caatingas sem ver um pé de pessoa, comendo carne de bode. Onde ele arranjava fósforos para fazer fogo e cozinhar a carne? 

O amigo Balão fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro, mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas.

MINHAS SIMPLES HISTÓRIAS

Este artigo foi também publicado no blog Cariri Cangaço, com o título:
 Um pouco mais Angico, só para não perder o ritmo.... Por: Mendes e Mendes

http:/cariricangaco.blogspot.com


Clique neste link para você ler com mais detalhes a entrevista que o cangaceiro Balão cedeu à "Revista Realidade" 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/06/cangaceiro-balaosensacional-entrevista.html

Se você não o leu, clique no link abaixo: 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2012/04/o-cangaceiro-balao-enfeitou-as-suas.html