quarta-feira, 4 de junho de 2014

Lampião era um homem bom

Por José Mendes Pereira
 Este artigo foi publicado no http://blogdomendesemendes.blogspot.com, no dia 22 de Janeiro de 2011, mas como ele foi escrito por mim, postei-o aqui só como arquivo, já que este blog o tema é outro.

O cangaceiro Volta Seca disse ao repórter do Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 – Setembro/Outubro de 1973, que Lampião não era só um homem vingativo e perverso. Também fazia caridade para a maioria dos necessitados.

Durante o período em que Volta Seca conviveu no bando, viu muitas vezes Lampião tirar do bornal, dinheiro e doar às pessoas necessitadas. Se alguém lhe fizesse um pedido, ele tentava ajudar, desde que não fosse por exploração, seria imediatamente resolvido.  Apesar de ter sido um homem aparentemente trancado, mas era bastante generoso, atencioso e além de educado.

Lampião - Foto extraída do Cariri Cangaço

Qualquer pessoa que fizesse algo de bom para ele, já estava protegida. O que ele não gostava mesmo, era desses como se diz, caguetas; aqueles que espalhavam coisas sobre as suas vinganças. E para essas pessoas, ele tinha um apelidozinho: Chamava-as de “Linguarudos”.

O que Volta Seca disse aos repórteres foi confirmado pelo o escritor Rostand Medeiros, do jornal "A Notícia", que circulou no dia 8 de março de 1931, que um ex-cangaceiro de Lampião, chamado Otaviano Pereira de Carvalho, afirmou-lhe em entrevista o seguinte:  “-Lampião era um bom homem, que vivia na espingarda, mas era educado. Possuía gestos de generosidade. Distribuía dinheiro com os pobres, os cegos e falava muito pouco, isto é, só falava o necessário”.

Balão na sociedade

A entrevista que Balão cedeu em 1973, à Revista Realidade, afirmou também quase isso.  Na íntegra: “Até Hoje o povo pensa que LAMPIÃO matava por qualquer coisa. Mas nunca o vi mandar matar alguém a sangue frio. E as fazendas por ele destruídas eram dele mesmo. Lampião havia comprado as terras em sociedade com um tal de Petro de Alcântara Reis: Tronqueira, Cachoeirinha, Formosa. Mas Petro as registrou apenas em seu próprio nome. LAMPIÃO zangou-se. Eu mesmo ajudei a matar muito gado a tiro, na Cachoeirinha. Petro fugiu para Alagoas".
 
O coiteiro Mané Félix

O coiteiro Manoel Félix disse ao ´jornalista Juarez Conrado (faleceu em 2010), que não tinha nada a dizer contra o afamado Lampião, como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo, que nunca chegaram a ver o bandido praticar qualquer crueldade na região contra os que ali viviam.        
       
Mas se Lampião nunca fez crueldades naquele lugar, as volantes de policiais eram temidas e odiadas pela população, devido às barbaridades que elas praticavam, no intuito de serem os maiorais combatentes aos asseclas, onde muitas vezes, impiedosamente maltratavam os que elas achavam que eram coiteiros de Lampião. 

O coiteiro Manoel Félix ainda afirmou, que era amigo particular de Lampião, e disse  que não estava exagerando, mas com toda sinceridade, Lampião era  um homem fino e bastante educado.  
            
Todo brasileiro tem na mente que  Lampião era um sanguinário em todos os momentos. Mas os seus remanescentes afirmaram a vários repórteres, escritores  e pesquisadores, que Lampião só era suçuarana para aquelas pessoas que não o respeitavam,  principalmente  quando solicitava quantia em dinheiro e não era atendido.  

Mas existe o ditado: O  certeiro que faz um cesto faz um cento. Por essa razão, ele foi condenado diante de muitos que não o entenderam.

 Fontes de Pesquisas:

 Jornal "O Pasquim" - Número: 221 - 1973.
 Revista Ralidade - 1973. 
 Jornal "A Notícia" -  8 de março de 1931 - Rostand Medeiros.
 Pérolas: Delírios literários - Juarez Conrado.
 Fotos:  Cariri Cangaço e 
 Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas

Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
 http://minhasimpleshistorias.blogspot.com