sábado, 4 de janeiro de 2014

Uma terrível tragédia!!!

Por: José Mendes Pereira

Foi lá pela década de 60 que isto aconteceu em Mossoró. 

João Paulo e Pedro de Osmildo eram dois grandes amigos. Amigos de infância, que viviam no mesmo bairro, na mesma rua, dividindo o mesmo espaço entre familiares. Comendo no mesmo prato, e juntos, participavam de todos os divertimentos que o bairro e a cidade promoviam.

João Paulo era reparador de sapatos e chinelos, mas não era fabricante destes. Na época, era dos melhores para este fim, e até reparava pisantes (gíria)  de pessoas mais importantes em Mossoró. Sapatos e chinelos com defeitos, muitos já sabiam a quem recorrer para o conserto.

 
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Pedro de Osmildo vivia de alguns aluguéis; dono de uma pequena vila no grande Alto de São Manoel, mas, além disto, negociava com bugigangas pelos bairros de Mossoró, transportando-as sobre uma carroça.

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Vez por outra os dois bebiam juntos  pelos bares do bairro, e lá, ingeriam uma porção de bebidas alcoólicas, mas mesmo embriagados, jamais discutiram em lugar nenhum.

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Aconteceu que certo dia, Luiz da Quitanda como era chamado, querendo acabar com aquela grande amizade, criou um não acontecido, e ele mesmo enredou ao Pedro de Osmildo, que o João Paulo andava difamando uma das suas filhas. E que cuidasse logo de frear a sua língua, para que o assunto sobre a virgindade da filha, não chegasse aos fofoqueiros de calçadas. E ainda afirmava-lhe que: "-Os filhos da Candinha são 21. Enquanto 7 dormem, 7 falam e  7 estão ouvindo".

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Assim que tomou conhecimento sobre o desrespeito de João Paulo usando o nome da sua filha, Pedro de Osmildo perdeu o controle emocional, e foi ao seu  encontro, para devidas explicações. O certo é que o João Paulo jamais dissera algo sobre as filhas do Pedro de Osmildo, pois o considerava como irmão, e se existiam coisas que desrespeitavam as suas filhas, até o momento não tomara conhecimento. E se isso existisse, não tinha interesse de sair boatando, já que as filhas do Pedro de Osmildo, eram como se fossem suas sobrinhas. E ao chegar à oficina do João Paulo, o encontrou consertando um par de sapatos, e sem mais nem menos, Pedro de Osmildo foi logo direto ao assunto, dizendo-lhe:

- João Paulo, estou muito chateado com você, e eu não esperava que um dia as nossas amizades chegassem ao fim.

- Mas  o que está acontecendo, meu irnão Pedroca? - Perguntou o João Paulo.

- Tomei conhecimento de que você anda falando mal da minha filha Marília.

- Mas homem de Deus, quem lhe falou tamanha barbaridade, afirmando que  eu falei mal da Marília? 
- Quem me contou foi o Luiz da Quitanda.

- Mas homem, será que o Luiz da Quitanda está maluco, ou está querendo fazer intrigas entre nós?

- Se ele está louco eu não sei. E se ele me disse isto, é porque você falou. - Dizia o Pedro de Osmildo.

- Homem de Nosso Senhor Jesus Cristo, vamos até à casa de Luiz da Quitanda, para que ele afirme isso na minha presença.

- Não adianta, João Paulo! De onde a gente não espera, é de onde vem. - Fez o Pedro de Osmildo.

- Mas meu amigo e irmão Pedroca, confie em mim! Eu jamais diria  isso com uma das suas filhas..., e já vi que você prefere acreditar no Luiz da Quitanda do que em mim.   

Com o ódio e decepcionado com um dos melhores amigos, Pedro de Osmildo puxou uma faca peixeira da cintura, e partiu para cima do João Paulo, furando-o por todos os lugares da barriga.

Já caído ao chão, fracamente, João Paulo exclamou

- Matou-me meu amigo e irmão! Jamais abri minha boca para falar das suas filhas, que até hoje, eu as tinha como minhas sobrinhas. 

Ouvindo esta frase (matou-me meu amigo e irmão!) e presenciando o sangue saindo com força da barriga do amigo, o Pedro de Osmildo arrependeu-se, e foi socorrer-lhe, tentando levantá-lo para um possível socorro. E sem o Pedro de Osmildo perceber, foi neste momento que o João Paulo arrastou a sua afiadíssima faca, que com ela cortava os couros para os reparos de sapatos; com a pouca força que ainda lhe restava, aplicou-a no pescoço do Pedro de Osmildo, degolando-o. E ali mesmo, os dois morreram.

Hoje, os filhos de ambos vivem pacificamente, na mesma Rua e bairro onde nasceram. Nenhuma intriga, nenhuma rixa. Continuam como antes, amigos, ou quem sabe, irmãos. E alegam que os pais não deixaram vinganças, porque o Pedro de Osmildo matou o João Paulo, e o João Paulo matou o Pedro de Osmildo. 

Quanto ao Luiz da Quitanda ele vivia com problemas de saúde,  e morreu  dois anos depois deste acontecimento.

Minhas Simples Histórias  

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Fonte: 

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